A declaração do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificando Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo como “maus brasileiros” gerou repercussão. A crítica foi direcionada à atuação desses dois no exterior em relação à sanção do Brasil por parte dos Estados Unidos, iniciativa que visa pressionar o país em relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alckmin fez a declaração no mesmo dia em que a Polícia Federal indiciou o deputado federal e seu pai por coação no processo que investiga suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O vice-presidente afirmou que as negociações entre Brasil e Estados Unidos estão sendo desafiadoras, mas que o governo brasileiro busca avançar no diálogo. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende conversar com Donald Trump sobre a imposição de um tarifaço de 50% sobre as importações brasileiras.
Alckmin destacou que o presidente Lula prefere o diálogo e que a conversa com Trump será preparada quando a situação estiver mais clara. Ele também mencionou que a última conversa que teve com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, ocorreu há algumas semanas, evidenciando a dificuldade de diálogo com as autoridades americanas.
Recentemente, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, cancelou unilateralmente uma reunião que havia sido agendada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Posteriormente, Bessent foi fotografado ao lado de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, alimentando ainda mais as suspeitas de interferência externa nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Alckmin afirmou que as exigências de Trump, como a suspensão do processo contra Bolsonaro, são inaceitáveis e que o tarifaço tem gerado efeitos colaterais negativos. Apesar disso, ele ressaltou que ainda há conversas em curso por canais institucionais através dos técnicos dos ministérios envolvidos.
O vice-presidente também mencionou que a recente mudança na taxação de produtos de aço e alumínio, que aumentou as tarifas para diversos países, inclusive para o Brasil, acabou beneficiando o país, pois a alíquota se tornou igual para todos, o que representa uma melhora para as exportações brasileiras.
Finalmente, Alckmin afirmou que o governo estabelecerá uma linha de corte para a ajuda às empresas afetadas pelo tarifaço, considerando o grau de dependência do mercado americano, principalmente as indústrias que possuem produtos customizados para compradores americanos.