A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na Itália, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, gerou diversas discussões no programa Última Análise. A deputada se entregou às autoridades italianas, tendo uma pena de 10 anos de prisão inicialmente em regime fechado.
Júlia Lucy, cientista política, afirmou que Zambelli agiu corretamente ao se refugiar na Itália, devido à dificuldade em acreditar na aplicação da lei no Brasil. Ela citou casos como o de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, submetido a tortura em prisão, e o de Cleriston Pereira da Cunha, o “Clesão”, preso por participação nos atos do 8 de Janeiro, que faleceu em custódia. “Há um risco de morte real” nas prisões brasileiras, concluiu Lucy.
A decisão sobre a extradição de Zambelli cabe às autoridades italianas, que analisarão se o crime cometido pode ser considerado político, o que a isentaria da extradição, de acordo com um acordo entre Brasil e Itália.
O caso de Zambelli despertou comparações com o de Cesare Battisti, terrorista italiano cuja extradição foi negada por Lula em 2010. Anne Dias, advogada, afirmou que o caso de Zambelli se diferencia por conta da dupla cidadania da deputada e do acordo entre os países, ressaltando a necessidade de a defesa comprovar a natureza política do crime.
Lucy afirmou que, caso Zambelli consiga provar que não teve ampla defesa e contraditório, poderia se enquadrar como presa política e permanecer na Itália. No entanto, a decisão sobre a perda de seu mandato parlamentar caberá à Câmara dos Deputados.
Em outro tema abordado no programa, a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros gerou impactos negativos em diversos setores. Importadores americanos suspenderam contratos, indústrias foram obrigadas a parar as atividades, demitir funcionários e aplicar férias coletivas forçadas.
José Pio Martins, economista, afirmou que as exportações brasileiras para os Estados Unidos representam 2% do PIB brasileiro, um valor insuficiente para causar uma recessão generalizada, mas impactante para setores como o da fruta e da madeira.
Martins também apontou motivações geopolíticas por trás das tarifas de Trump, como a crítica do presidente americano ao dólar e a aliança com os BRICS. Ele destacou ainda a atuação de figuras como Celso Amorim, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, que, segundo ele, contribuíram para a confusão na negociação entre Brasil e Estados Unidos.