O Banco Central recentemente implementou um conjunto de regras inovadoras que fortalecem o processo de devolução de recursos para vítimas de golpes financeiros que envolvem o sistema de pagamentos instantâneos, o PIX. Essa atualização visa aumentar a eficácia da recuperação de valores e reduzir os prejuízos sofridos pelas vítimas.
Uma das mudanças mais importantes é a ampliação da capacidade de rastrear recursos desviados. Agora, o PIX permite que as instituições financeiras acompanhem o trajeto completo do dinheiro e identifiquem contas que participaram da movimentação, mesmo após os valores terem deixado a conta originalmente usada no crime. Isso torna o mecanismo mais eficiente e permite que os valores sejam recuperados mais rapidamente.
A medida é obrigatória para todas as instituições financeiras a partir de fevereiro de 2026 e representa um avanço importante na proteção contra fraudes digitais. O crescimento de golpes envolvendo transferências instantâneas tem pressionado autoridades e bancos a adotar medidas mais eficazes para prevenir e mitigar esses crimes.
O autoatendimento nos aplicativos bancários também foi disponibilizado para facilitar a contestação e agilizar a resposta. Desde outubro, usuários podem contestar uma transação com poucos toques, sem a necessidade de interagir com atendentes. O sistema coleta automaticamente os dados da reclamação e envia a solicitação para análise, gerando mais agilidade no processo e reduzindo a sobrecarga nos canais de atendimento.
As instituições financeiras passam a ter um papel mais ativo no processo de investigação e rastreamento das operações. A obrigação de compartilhar dados entre bancos torna o processo mais integrado e apoia decisões rápidas sobre retenção de valores. Além disso, as instituições passam a ter mais responsabilidade na identificação de comportamentos atípicos e podem bloquear contas que registrarem movimentações intensas ou padrão de recebimento de valores suspeitos.
O crescimento de golpes digitais tem impulsionado mudanças no setor financeiro. Criminosos estão adotando métodos cada vez mais sofisticados para convencer vítimas a realizar transferências, incluindo ligações telefônicas, mensagens de WhatsApp, imitação de perfis e falsos atendentes. A criação do novo mecanismo do PIX vem para complementar as ações de prevenção e mitigação desses crimes, oferecendo um recurso adicional que aumenta o poder de reação e mitiga prejuízos.
Embora o novo processo aumente a capacidade de recuperação, especialistas alertam que a prevenção ainda é o elemento mais importante na proteção contra golpes. Em muitos casos, o dinheiro é movimentado em segundos, e quanto mais rápido a vítima aciona o banco, maiores são as chances de êxito. Portanto, é fundamental que os usuários adotem práticas de segurança, como desconfiar de ligações ou mensagens pedindo transferências imediatas, ativar notificações de movimentação, usar senhas fortes e não compartilhá-las, evitar clicar em links suspeitos e manter aplicativos e sistemas atualizados.
A mudança do Banco Central é vista pelo setor financeiro como um avanço necessário para proteger a integridade do PIX e preservar a confiança dos consumidores. Com maior rastreabilidade, velocidade na análise de contestação e participação ampliada dos bancos, a expectativa é reduzir o volume de perdas e tornar golpes menos vantajosos para criminosos.
