Governador do Rio tem 15 dias para decidir sobre plano polêmico na Polícia Civil

Cláudio Castro, governador do estado do Rio de Janeiro, enfrenta um prazo de 15 dias para decidir sobre o destino do plano de reestruturação da Polícia Civil. A proposta, aprovada pela Assembleia Legislativa do estado recentemente, traz consigo benefícios para a corporação, incluindo a reintrodução de uma gratificação controversa para agentes que se envolvem em confrontos com criminosos.

Conhecida como “gratificação faroeste”, a premiação, criada em 2015 para reconhecer atos de bravura dos policiais civis, incluía a recompensa por mortes de suspeitos. No entanto, três anos depois, a própria Alerj decidiu suspender a gratificação devido a denúncias de extermínio. A nova versão, igualmente polêmica, incentiva a apreensão de armas de grosso calibre, como fuzis, e oferece aos policiais civis um bônus variável entre 10% e 150% do seu salário.

Carolina Grillo, especialista em segurança pública e professora da Universidade Federal Fluminense, expressa profunda preocupação com essa medida, considerando-a extremamente perigosa. Em entrevista à TV Brasil, ela argumenta que a gratificação incentiva e valida os assassinatos cometidos por agentes públicos.

“Você está reeditando algo que apenas aumentou a violência da polícia”, afirma Grillo. “Os impactos de uma emenda como essa podem ser devastadores, pois representa a interrupção de vidas. Policiais civis estão sendo incentivados a utilizar a força letal de forma irresponsável, em busca de vantagens econômicas”.

A aprovação do projeto também gerou indignação em Antônio Carlos Costa, fundador do Movimento Rio de Paz. “Essa gratificação estimula execuções extrajudiciais”, denuncia Costa. “É um incentivo perverso à violência oficial, um convite ao morticínio. Celebrar a polícia que mata desvaloriza a polícia que atua preventivamente, que investiga, que preserva a vida”.

O Ministério Público Federal (MPF) também se manifestou, enviando ofício ao governador Cláudio Castro alertando sobre a inconstitucionalidade do projeto. Segundo o órgão, a “gratificação faroeste” aprovada pela Alerj viola direitos humanos e contraria decisões do Supremo Tribunal Federal, que tratam da letalidade policial no estado do Rio de Janeiro.

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