Falha em data center da CyrusOne afeta negociações da CME Group

A interrupção das negociações em uma das plataformas da CME Group, a maior bolsa de derivativos do mundo em termos de valor de mercado, serviu como um alerta para a fragilidade da infraestrutura de missão crítica que sustenta o mercado financeiro global. Um problema mecânico no sistema de resfriamento de um data center da CyrusOne, localizado na região de Chicago, gerou uma paralisação temporária de contratos futuros de câmbio, commodities, títulos do Tesouro e índices de ações, afetando decisões de investimento em todo o mundo.

A falha de resfriamento ocorreu no site CHI1 da CyrusOne, que fornece infraestrutura crítica para a CME Group. Com a perda parcial da capacidade de refrigeração, os sistemas tiveram que ser desligados e equipamentos de contingência foram acionados, incluindo o religamento de chillers com capacidade limitada e a instalação de unidades temporárias de refrigeração para apoiar a retomada gradual das operações. O incidente começou no início do pregão asiático, um período tradicionalmente de menor liquidez, mas ainda relevante para contratos globais como futuros de petróleo, Treasuries americanos, ouro e índices acionários.

Sem cotações atualizadas da CME Group, os participantes de mercado operaram praticamente “às cegas”. Algumas casas optaram por suspender negócios em determinados contratos, enquanto outras decidiram recorrer a fontes alternativas de dados ou modelos próprios de precificação, assumindo risco adicional para manter o atendimento a clientes institucionais e de varejo sofisticado. Corretoras europeias informaram dificuldades para oferecer determinados futuros, enquanto players de Ásia e Oriente Médio destacaram a extensão incomum da interrupção para uma infraestrutura dessa escala.

O episódio serve como um lembrete para a dependência crescente de infraestrutura de missão crítica para suportar a interconexão entre bolsas, corretoras, bancos e provedores de dados. Empresas de infraestrutura já vinham sendo pressionadas a demonstrar planos robustos de continuidade de negócios, com redundância geográfica, rotas alternativas de tráfego e capacidades de failover automático. A paralisação parcial da bolsa de derivativos operada pela CME Group tende a reforçar questionamentos de reguladores e participantes do mercado sobre a efetividade desses mecanismos, especialmente em cenários de falhas físicas, como problemas elétricos ou térmicos.

Para operadores, gestores de risco e times de tecnologia, o caso reforça a necessidade de testes recorrentes de contingência envolvendo não apenas falhas lógicas ou cibernéticas, mas também incidentes ligados à infraestrutura física – desde o sistema de refrigeração até o fornecimento de energia e a integração com fornecedores de serviços de nuvem e conectividade. A forma como CME Group e data center da CyrusOne comunicam e detalham o incidente será acompanhada de perto por reguladores, investidores e clientes ao redor do mundo.

A transparência sobre causas, planos de mitigação e investimentos adicionais em engenharia deve ser determinante para preservar a confiança em uma infraestrutura que sustenta contratos de hedge, arbitragem e especulação em múltiplas jurisdições. Do ponto de vista regulatório, é provável que autoridades estudem se os mecanismos de supervisão atuais são suficientes para capturar riscos operacionais associados a provedores de tecnologia e infraestrutura terceirizados.

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