A Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou a realização de uma audiência para ouvir Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tagliaferro é acusado de ter vazado informações do gabinete da presidência do TSE durante o período em que Alexandre de Moraes ocupava o cargo, entre 2022 e 2024.
O senador Magno Malta (PL-ES), um dos proponentes da audiência, destacou a necessidade de Tagliaferro prestar esclarecimentos sobre os fatos descritos no relatório “Arquivos do 8 de Janeiro: por dentro da força-tarefa judicial secreta para prisões em massa”. O relatório, elaborado pelo jornalista americano Michael Shellenberger e publicado pela organização internacional Civilization Works, aponta para “graves indícios” de atividades irregulares no TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Magno Malta, o relatório, embasado em documentos, áudios e transcrições de conversas entre servidores, revela indícios de abuso de poder, usurpação de competências institucionais e a criação de um sistema de “justiça paralela” comandado pelo gabinete de Alexandre de Moraes.
A audiência está agendada para o dia 2 de setembro, coincidindo com o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da suposta tentativa de golpe, que será realizado na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Tagliaferro, atualmente na Itália, tem a extradição solicitada pelo Itamaraty ao governo italiano.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Tagliaferro de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de suposta organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Em abril, a Polícia Federal já havia indiciado Tagliaferro por divulgar diálogos sigilosos entre servidores do TSE e do STF durante sua atuação como assessor de Moraes, em uma ação conhecida como “Vaza Toga”.
Tagliaferro nega as acusações e alega ser vítima de perseguição política por parte de Moraes. Nas redes sociais, ele se posiciona como vítima de perseguição política e conta com o apoio de parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). O ex-assessor do TSE anunciou sua intenção de denunciar Alexandre de Moraes no Parlamento Europeu, alegando possuir provas contra o ministro, a quem acusa de ter destruído sua vida.
