Corrida pelos Computadores Quânticos: IBM e Google visam 2029

A busca por computadores quânticos funcionais em escala industrial se intensifica. Empresas como a IBM e o Google estão apostando em alcançar essa meta ambiciosa até 2029, marcando um ponto de virada na área de tecnologia. Essa conquista poderia revolucionar campos como inteligência artificial, segurança digital e desenvolvimento de novos materiais.

A computação quântica, desde a década de 1980, tem sido um objetivo de pesquisadores que buscam traduzir os princípios da física quântica em aplicações práticas. Ao contrário dos computadores tradicionais, que operam com bits representando 0 ou 1, os computadores quânticos usam qubits, capazes de existir em múltiplos estados simultaneamente. Essa característica permite cálculos de velocidade exponencial, abrindo portas para resolver problemas complexos que, hoje, seriam impossíveis de serem resolvidos em prazos humanamente viáveis.

Mas o caminho para a construção de máquinas estáveis ainda enfrenta obstáculos. A instabilidade dos qubits, que perdem rapidamente seu estado quântico devido à decoerência, é um dos principais desafios. Esse fenômeno gera ruídos que comprometem a precisão dos cálculos. A correção de erros quânticos se tornou, portanto, uma área de pesquisa crucial para superar essa limitação. O Google, recentemente, demonstrou um chip capaz de realizar essa correção enquanto aumenta sua escala, um passo importante para o desenvolvimento da tecnologia.

A IBM tem liderado iniciativas utilizando qubits baseados em supercondutores. Esse modelo exige temperaturas próximas ao zero absoluto para manter a estabilidade dos qubits, o que torna o controle dos sistemas extremamente complexo. Apesar da dificuldade, a empresa anunciou planos detalhados para lançar um computador quântico tolerante a falhas e capaz de operar em larga escala até o fim da década. Jay Gambetta, líder da iniciativa quântica da IBM, afirmou que o projeto deixou de ser uma visão futurista: “Não parece mais um sonho. Deciframos parte do código e estamos confiantes de que será possível construir essa máquina até 2029”.

O Google também está avançando nessa direção. Em 2024, a empresa superou um dos maiores desafios técnicos, o que fortaleceu a expectativa de alcançar um protótipo funcional até 2029. A companhia trabalha com sistemas baseados em qubits supercondutores, mas também explora métodos alternativos, como o uso de fótons e átomos. Embora essas abordagens possam oferecer maior estabilidade, ainda enfrentam dificuldades relacionadas à velocidade de processamento e à conexão entre os qubits.

A corrida pela liderança na computação quântica não envolve apenas IBM e Google. Gigantes como Amazon e Microsoft também estão investindo em diferentes abordagens para viabilizar essa tecnologia. A agência de defesa dos Estados Unidos, a Darpa, iniciou estudos para avaliar quais empresas têm maior potencial de alcançar a escala prática em menor tempo, demonstrando o interesse estratégico dos governos em garantir uma posição de liderança nesse campo tecnológico.

O impacto de um computador quântico funcional transcende a pesquisa acadêmica. Em inteligência artificial, esses sistemas podem acelerar o treinamento de modelos, permitindo a criação de algoritmos mais sofisticados e precisos. No setor de criptografia, a tecnologia representa tanto uma oportunidade quanto um risco: pode quebrar padrões de segurança atuais e, ao mesmo tempo, criar novas formas de proteção. A simulação de moléculas e materiais é outro campo promissor, com a capacidade de calcular interações químicas em nível quântico prometendo avanços significativos no desenvolvimento de medicamentos, baterias mais duráveis e processos industriais mais eficientes. A computação quântica se posiciona, portanto, como um motor de inovação para diversas indústrias estratégicas.

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