Clima e Planejamento: Um Desafio para 85% das Cidades Brasileiras

À medida que a COP30 se aproxima de Belém do Pará, a discussão sobre o clima ganha cada vez mais destaque. Até o momento, 144 países já apresentaram seus planos de adaptação às mudanças climáticas à ONU, mas a reflexão sobre o assunto também precisa ser levada às diferentes regiões e municípios.

No Brasil, uma preocupante realidade é que mais de 85% das cidades não têm um plano de adaptação para as mudanças climáticas, o que afeta sua capacidade institucional e leis para lidar com os impactos das mudanças climáticas. Embora as cidades maiores, com mais de meio milhão de habitantes, tenham uma atuação mais proativa nas políticas públicas sobre o tema, é essencial abordar a questão de forma mais ampla.

De acordo com dados do IBGE de 2021, pesquisadores calcularam o índice geral de adaptação urbana, considerando 25 indicadores que abrangem aspectos como habitação, mobilidade, produção de alimentos, gestão ambiental e riscos climáticos. Os resultados apontam que não há uma clara diferença entre as cinco regiões do país.

Roger Torres, climatologista da Universidade Federal de Itajubá, destaca que a capacidade de adaptação das capitais é significativamente variada. Enquanto Curitiba, Brasília e São Paulo se destacam por sua capacidade de lidar com as mudanças climáticas, Recife, Boa Vista e Aracaju enfrentam mais desafios nesse sentido.

É importante notar que ter uma nota alta no índice não significa que o município esteja completamente adaptado às mudanças climáticas. Em vez disso, isso indica que ele dispõe de dados, equipamentos e leis para gerenciar riscos ambientais e climáticos. No entanto, os pesquisadores ressaltam a necessidade de uma forma confiável de avaliar a eficácia da aplicação dos recursos, incluindo a verificação do uso de verbas para combater os efeitos das mudanças climáticas e os desastres associados.

A situação se torna ainda mais preocupante quando se consideram os indicadores relativos a políticas específicas para a gestão de riscos climáticos, como a existência de defesa civil própria, lei de uso e ocupação do solo para prevenção de enchentes e deslizamentos, ou plano para identificar riscos geológicos e físicos. O estudo detalhado foi divulgado na Revista de Pesquisa FAPESP recentemente.

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