Oficinas de Bem-Estar em Penitenciária Feminina

Em um ambiente marcado pela rigidez e isolamento, 60 detentas da Penitenciária Feminina do Distrito Federal estão encontrando um espaço de conexão e autoconhecimento. O projeto “Corpo Consciente, Escuta de Si” oferece oficinas semanais para promover o bem-estar físico e emocional das internas.

Idealizada por Clara Costa, psicóloga e psicodramatista, a iniciativa visa criar um ambiente de cuidado e escuta dentro da penitenciária. “Nossa chave mestra é a respiração”, afirma Clara. “Esse encontro da atenção com a respiração, atividades de atenção plena, que elas mesmas podem se regular em caso de uma crise de ansiedade, em caso de insônia, coisas que elas possam replicar nas suas próprias celas, que elas possam fazer sozinhas, que elas possam fazer no encontro com outra colega aqui”.

Para a diretora da penitenciária, Camila Mendonça, o curso é essencial para suprir lacunas que o Estado nem sempre consegue oferecer. “A lei prevê questões básicas, como alimentação, vestuário, educação e saúde, mas não resgata pessoas”, explica. “Essa iniciativa traz oportunidades para a autoestima ser recuperada, a identidade como pessoa ser recuperada, porque ela começa a se ver como uma pessoa de novo”.

As detentas estão vivenciando uma experiência única, cada uma de maneira diferente. Algumas se conectam por meio da música, outras pela dança, em um processo de autoconhecimento que começa dentro da penitenciária e reverbera lá fora. “No dia a dia, a gente passa por coisas que mudam o nosso humor”, conta uma detenta. “Eu aprendi a respirar, a olhar para dentro e entender o que está acontecendo fora. Isso me ajuda a evitar crises e a pensar antes de agir”.

Outra detenta destaca a importância do autoconhecimento: “Eu uso todas as vezes que eu vejo que eu estou em crise, eu já tento respirar, já tento olhar para dentro e entender o que está acontecendo fora. Foi isso que elas passaram para mim, é, trabalhos de ficar me autoconhecendo. Quando a gente vê uma pessoa lá de fora, é, atravessando essas barreiras pela gente, a gente valoriza demais”.

A psicóloga da Penitenciária Feminina do Distrito Federal, Aline Xavier, reforça os benefícios das oficinas: “Me emociona muito ver essas mulheres terem aqui dentro um pequeno espaço, uma pequena gota de liberdade”. Além de promover o bem-estar físico e emocional, as atividades do projeto também contribuem para a redução das penas. A iniciativa tem a participação do FAC, Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

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