A Organização das Nações Unidas, através do Programa Alimentar Mundial (PAM), declarou que uma crise de fome atinge a Faixa de Gaza e se prevê que se agrave nos próximos meses. Esta é a primeira vez na história que a ONU confirma a existência de uma situação de fome em território do Oriente Médio.
O relatório do PAM indica que mais de 500 mil palestinos, o equivalente a 25% da população, estão passando fome em Gaza. A situação mais crítica se concentra na cidade de Gaza e suas proximidades, região alvo de uma ofensiva israelense iniciada recentemente.
No Hospital Naser, o diretor do departamento de pediatria relata a chegada diária de mais de 60 crianças com desnutrição, muitas necessitando de internação. A falta de suprimentos médicos é uma realidade, e os profissionais se esforçam para preservar órgãos e tecidos, buscando evitar o agravamento da condição e a morte.
A fome em Gaza é classificada como a mais grave em termos de insegurança alimentar. Isso significa que a escassez de alimentos é extrema, com desnutrição aguda grave afetando pelo menos 30% das crianças e uma alta mortalidade por causas não violentas.
Samir El Awari, diretor de programas de emergência do UNICEF, destaca que o relatório confirma a existência de uma crise de sobrevivência infantil dentro da crise humanitária já presente em Gaza.
Por outro lado, o governo israelense nega a existência de fome em Gaza, acusando o PAM de utilizar dados falsos e de ter alterado sua metodologia para difamar o país.
Desde sua criação, há 20 anos, o PAM já havia confirmado a existência de fome em quatro outros territórios: Somália, Sudão e Sudão do Sul, sendo que Gaza marca a primeira ocorrência fora da África.
