Diogo Musy, advogado do general da reserva Estevam Theophilo Gaspar, apresentou novas provas em sua defesa oral na terça-feira (11). Segundo Musy, a declaração do tenente-coronel Mauro Cid, primeira delação premiada, é crucial para entender a atuação de Theophilo e de outros generais durante o período em questão.
Cid classificou Theophilo e o general Freire Gomes, comandante do exército, como integrantes de um grupo “moderado” da corporação, ou seja, sem adesão a um suposto intento golpista. “Theophilo integrava um grupo de generais moderados, com um detalhe especial: junto com Freire Gomes”, afirmou Musy, ressaltando a importância dessa declaração para a defesa de seu cliente.
Além dos dois, o general Júlio César de Arruda também fazia parte desse grupo. Theophilo, por sua vez, era do grupo oposto, contrário a qualquer medida contrária aos resultados das eleições, como afirmou Cid em seu depoimento. “Theophilo era do grupo que era totalmente contrário – e isso são palavras do colaborador – a qualquer medida contrária aos resultados das eleições”, complementou Musy.
Em maio de 2025, Freire Gomes deu um depoimento em que disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro concordou ao ouvir que não haveria interferência do Exército nas eleições. Essa declaração é crucial para entender a atuação de Bolsonaro durante esse período.
Musy também alegou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) preferiu se descolar de quem foi durante todo o processo e ao longo de toda essa alegada trama golpista como o resistente responsável pela inexistência de qualquer consumação do golpe, e fica isolada e sozinha com o colaborador Mauro Cid, sem qualquer prova dos autos.
Theophilo era ex-comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter). A defesa nega que o órgão tenha, em algum momento, comandado as forças especiais do Exército, os chamados kids pretos. “Theophilo e Coter nunca comandou o batalhão de kids pretos, e isso foi uma narrativa vazia e abusiva para tentar impregnar em Theophilo uma culpabilidade”, criticou a defesa.
O Supremo Tribunal Federal julga o núcleo 3 de um conjunto de quatro núcleos acusados de suposta tentativa de golpe de estado entre o final de 2022 e o dia 8 de janeiro de 2023. No núcleo 1, o julgamento terminou por condenar Bolsonaro a 27 anos de prisão.
