EDITORIAL: Entre a cautela fiscal necessária e o risco da paralisia administrativa em Paraguaçu
A recente publicação do Decreto nº 7.449, assinado pelo prefeito Antonio Takashi Sasada, prorrogando as medidas de contenção de gastos no âmbito da Prefeitura de Paraguaçu Paulista, traz à tona um debate que vai muito além da contabilidade pública. À primeira vista, a decisão demonstra responsabilidade. Em tempos de incerteza econômica, buscar o equilíbrio fiscal é uma obrigação inegociável de qualquer gestor que preze pela saúde financeira do município. Contudo, a repetição sistemática dessas medidas “emergenciais” acende um sinal de alerta sobre o modelo de gestão adotado.
A questão central que o Folha de Paraguaçu coloca em pauta é: até quando a excepcionalidade será tratada como regra? Ferramentas como a redução de jornada de trabalho e o travamento de despesas discricionárias são, por natureza, remédios amargos para crises agudas. Quando se tornam crônicas, deixam de ser estratégia de saneamento e passam a sinalizar a ausência de políticas estruturantes de médio e longo prazo.
O Custo Invisível da Economia
Um dos argumentos centrais do decreto é a preservação dos serviços essenciais. No entanto, é preciso desmistificar a ideia de que cortes na máquina administrativa não afetam a ponta do atendimento ao cidadão. Uma prefeitura operando em “meio período” ou com travas burocráticas excessivas gera um efeito cascata.
Processos de licitação demoram mais, a resposta a protocolos de munícipes atrasa e o planejamento de novas obras fica comprometido. A ineficiência interna, gerada pela escassez de horas trabalhadas ou de recursos operacionais, cobra seu preço na velocidade com que a cidade se desenvolve. O cidadão pode não ver a porta da repartição fechada, mas sente a lentidão na engrenagem pública.
Transparência: A Contrapartida Necessária
Outro ponto que exige reflexão crítica é a prestação de contas sobre a eficácia dessas medidas. Se a população e os servidores são chamados a colaborar com o “aperto de cintos”, é justo que a administração apresente os números com clareza solar. Quanto foi economizado nas edições anteriores do decreto? Quais setores efetivamente contribuíram para o superávit?
Economia sem demonstração clara de resultados corre o risco de ser percebida apenas como sacrifício. A transparência não deve se limitar a publicar balancetes técnicos, mas sim traduzir para a sociedade se o esforço coletivo está, de fato, saneando as contas ou apenas adiando problemas.
De Gestores de Crise a Líderes de Futuro
O momento exige que o Executivo Municipal dê um passo além. Governar no modo “contenção” transmite prudência, o que é louvável, mas também pode passar a sensação de uma gestão puramente reativa. Paraguaçu Paulista precisa de um plano público de recuperação fiscal que inclua metas de crescimento e atração de receitas, e não apenas cortes de despesas.
Equilibrar as contas é o dever de casa básico. Apontar o caminho para o crescimento sustentável, com previsibilidade e direção, é o que define a verdadeira liderança política. A cidade espera que 2026 traga não apenas mais decretos de restrição, mas um horizonte de investimentos e soluções definitivas.
