Ex-assessor de Moraes acusa ministro de perseguição política no TSE

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou em entrevista ao programa News da Manhã Brasil, do canal AuriVerde no YouTube, que Moraes conduziu uma perseguição política contra a direita durante as eleições de 2022. Tagliaferro afirmou, ainda, estar disposto a dar sua vida para derrubar o ministro, considerando que se trata de uma “ditadura prática” instaurada no Brasil.

Tagliaferro atuou na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão ligado ao TSE, criado em março de 2022, segundo ele, para interferir nas eleições daquele ano. A partir de sua experiência na AEED, o ex-assessor alega ter presenciado a remoção sistemática de conteúdos desfavoráveis a Lula, candidato do PT, enquanto a campanha de Jair Bolsonaro, do PL, era impedida de usar materiais como imagens do desfile de 7 de setembro e do funeral da rainha Elizabeth II, além de declarações que associavam Lula a ditadores.

Tagliaferro descreve a ação como uma censura que impedia a direita de ter uma campanha transparente e de se expressar livremente, pois as postagens e conteúdos que desagradavam à esquerda eram retirados das plataformas digitais. Ele também relatou ter testemunhado a ordem de censura de uma entrevista com Mara Gabrilli, então candidata a vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), concedida ao canal AuriVerde em 2022.

Segundo Tagliaferro, as ordens de remoção de conteúdos não vinham diretamente da AEED, mas sim de Moraes. A equipe técnica elaborava relatórios com base em monitoramentos de páginas e perfis específicos, que eram encaminhados ao gabinete do ministro, responsável pela decisão judicial de derrubada dos conteúdos. Ele revelou ainda que as big techs se submetiam às ordens de Moraes, mesmo que relutantemente, para agir contra certos alvos determinados pelo ministro.

Em sua declaração, Tagliaferro afirmou não contar com apoio político, sendo o único parlamentar que o procurou o senador Magno Malta (PL-ES), convida-lo a depor em uma comissão. O ex-assessor afirmou que sua motivação não é partidária, mas sim pelo amor ao país.

Tagliaferro concluiu sua declaração dizendo que sabe que será alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e processos judiciais, mas que não tem medo da reação institucional. Olhando para a câmera, declarou: “Moraes, você não vai conseguir me segurar. E se você me derrubar, me enjaular, tirar a minha vida, já tem pessoas de minha confiança atuando junto comigo. Boa sorte.”

Vale lembrar que Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal em abril deste ano por violação de sigilo funcional.

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