O senador Flávio Bolsonaro, um dos principais expoentes da família Bolsonaro, está se preparando para intensificar sua atuação internacional como parte de uma estratégia para viabilizar sua pré-candidatura à Presidência. Nessa empreitada, ele conta com o apoio direto do irmão, Eduardo Bolsonaro, que mantém relações políticas consolidadas nos Estados Unidos e tem atuado como elo nesse diálogo.
A articulação externa, especialmente com interlocutores nos Estados Unidos, é vista como um passo central para ampliar o diálogo político e sinalizar ao mercado financeiro, que demonstra inclinação pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nesse sentido, a agenda internacional de Flávio está prevista para ocorrer de 18 de janeiro a 10 de fevereiro, com roteiro ainda em definição.
O objetivo principal dessa empreitada é fortalecer a construção conjunta da candidatura, com Flávio e Eduardo se encontrando durante esse período em solo americano. O gesto de Eduardo em formalizar o apoio ao irmão por meio de uma carta enviada ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, demonstrou unidade familiar e consolidou a decisão dentro do núcleo.
No campo interno, líderes do Partido Liberal (PL) defendem que Flávio Bolsonaro defina uma mulher para compor a chapa como candidata a vice-presidente. Essa estratégia teria dois objetivos principais: contemplar partidos aliados e reduzir a rejeição. Entre os nomes mais mencionados estão as senadoras Teresa Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF).
Dentro do PL há o entendimento de que Flávio possui potencial eleitoral maior do que o inicialmente esperado, o que reduziu resistências internas e fortaleceu a aposta da família em manter o projeto presidencial. Eduardo Bolsonaro teria papel decisivo nesse processo, sinalizando que a disputa deve ser resolvida entre pai, irmãos ou dentro do núcleo familiar, evitando fragmentações.
Esse alinhamento ficou evidente em um encontro realizado no dia 9 de dezembro, quando Flávio visitou o pai na prisão, na superintendência da Polícia Federal em Brasília. Na ocasião, o senador apresentou a Jair Bolsonaro a carta de apoio escrita por Eduardo e relatou as primeiras repercussões políticas do anúncio da pré-candidatura. Bolsonaro teria reagido de forma emotiva e afirmou que a candidatura do filho “já deu certo”, incentivando-o a seguir adiante.
Dias depois, Flávio tornou pública uma carta manuscrita do ex-presidente, divulgada no Natal, na qual Bolsonaro confirma a indicação do filho mais velho para disputar a Presidência. No texto, ele descreve a escolha como a entrega do que tem de mais valioso, reforçando a ideia de missão política. A intenção inicial era tornar esse apoio público por meio de uma entrevista, mas divergências e preocupações jurídicas levaram ao cancelamento da conversa.
Enquanto Bolsonaro segue internado e depois deve retornar à superintendência da PF, Flávio se prepara para um cenário político a ser definido. A avaliação no entorno do senador é de que a articulação eleitoral será redesenhada a partir do início do próximo ano, com o Congresso retomando os trabalhos e as articulações ganhando ritmo.
