Plano Redata: R$ 2 trilhões em data centers com energia renovável

O governo federal prepara o lançamento do plano Redata, uma iniciativa ambiciosa que visa atrair investimentos em data centers para o Brasil. A proposta, a ser apresentada como Medida Provisória (MP) ao Congresso Nacional em setembro, inclui uma série de isenções fiscais para empresas de tecnologia que instalarem infraestrutura de TI no país. Entre os tributos que serão isentados estão PIS, Cofins, IPI e o Imposto de Importação, criando um ambiente fiscal mais atrativo para esse tipo de investimento.

A expectativa é de que o Redata mobilize investimentos de até R$ 2 trilhões em uma década. Para ter acesso aos benefícios fiscais, as empresas precisarão cumprir critérios de sustentabilidade, como a utilização exclusiva de energia renovável em seus data centers. Esta exigência alinha o plano com as metas ambientais globais e busca tornar o Brasil mais competitivo em relação a outros mercados emergentes.

O plano Redata tem chamado a atenção de grandes empresas de tecnologia, especialmente as americanas, que enfrentam restrições energéticas e barreiras para expansão em seu próprio território. O Brasil, com sua abundante fonte de energia renovável, se posiciona como uma alternativa estratégica e promissora nesse contexto. A iniciativa também é vista como uma ferramenta para fortalecer o relacionamento diplomático com os Estados Unidos, aprofundando a cooperação bilateral em tecnologia.

Além dos benefícios econômicos, a instalação de data centers no Brasil é considerada uma questão de segurança cibernética e soberania nacional. Atualmente, grande parte dos dados de empresas e cidadãos brasileiros é processada em território americano, o que pode representar um risco para o país em termos de segurança.

O mercado já demonstra forte interesse no plano Redata, com investidores nacionais e internacionais reconhecendo o potencial do Brasil como um hub global de dados. Um dos projetos mais avançados em negociação é o localizado no Complexo Portuário do Pecém, no Ceará, fruto de uma parceria entre a Casa dos Ventos e a ByteDance, empresa controladora do TikTok.

O texto do Redata já havia sido elaborado em abril, mas foi adiado devido a tensões comerciais e debates internos sobre tributação. O governo chegou a considerar a aplicação de uma tarifa de 50% sobre grandes empresas de tecnologia, mas retirou a proposta para evitar conflitos com os Estados Unidos.

Com o tema do IOF superado no Congresso e a estabilização política, as autoridades veem um momento oportuno para avançar com a medida. O envio da MP é considerado urgente para que os benefícios do plano comecem a valer a partir de 2026. Caso contrário, os incentivos da reforma tributária do consumo já aprovada seriam mais vantajosos a partir de 2027, diminuindo a atratividade do Redata.

O sucesso do plano Redata dependerá de diversos fatores além da concessão de incentivos fiscais. Infraestrutura energética robusta, estabilidade regulatória e políticas claras de cibersegurança são essenciais para consolidar o Brasil como destino global para data centers. O projeto também enfrentará a pressão de setores que criticam desonerações fiscais em um contexto de busca por equilíbrio nas contas públicas.

Apesar dos desafios, o governo acredita que o Redata pode impulsionar um novo ciclo de investimentos no país, transformando o Brasil em uma plataforma estratégica para a economia digital e fortalecendo sua posição no cenário geopolítico global.

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