Lula e Trump discutem cooperação contra crime internacional e tarifas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em contato com seu homólogo norte-americano, Donald Trump, na terça-feira, em uma conversa que durou cerca de 40 minutos, por volta das 12h. Nessa terceira conversa entre os dois líderes, Lula agradeceu Trump pela retirada de parte do tarifaço de 40% sobre alguns produtos brasileiros, como carne, café e frutas. No entanto, o petista pediu que as negociações sobre os demais produtos sobretaxados fossem avançadas.

A iniciativa pelo telefonema partiu do próprio governo brasileiro e não constava na agenda oficial do dia. Lula destacou que a decisão dos Estados Unidos foi positiva e que ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países. Além disso, o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações.

A conversa também abordou a cooperação entre os dois países para combater o crime organizado internacional. Lula destacou a urgência em reforçar a cooperação com os Estados Unidos e mencionou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal para asfixiar financeiramente o crime organizado. O petista também identificou ramificações que operam a partir do exterior.

O presidente Trump ressaltou a disposição em trabalhar junto com o Brasil e em dar todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar as organizações criminosas. A conversa ocorreu em meio a uma agenda do petista no estado de Pernambuco.

Lula e Trump ainda não comentaram a ligação, mas os dois presidentes concordaram em voltar a conversar em breve sobre o andamento das iniciativas. Esta foi a terceira conversa entre Lula e Trump desde que as relações bilaterais entre eles começaram a ser restabelecidas a partir do rápido encontro que tiveram na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

A conversa também não abordou as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos a autoridades brasileiras, como a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a suspensão de vistos norte-americanos de outros membros do governo e do Judiciário. No entanto, a fala de Lula sobre a urgência em reforçar a cooperação com os Estados Unidos para combater o crime organizado internacional foi vista como um sinal de que o Brasil está disposto a trabalhar em conjunto com os Estados Unidos para resolver essas questões.

A conversa ocorreu em um momento em que o crime organizado no Brasil está utilizando paraísos fiscais nos Estados Unidos para lavar dinheiro, como afirmou o ministro Fernando Haddad, da Fazenda. Além disso, a deflagração da operação da Receita Federal que descobriu um complexo esquema de sonegação fiscal pode ter lesado os cofres públicos em mais de R$ 26 bilhões. A principal suspeita recai sobre o Grupo Refit, dono de uma refinaria e uma rede de postos de combustíveis de bandeira branca, e considerado o maior devedor de ICMS em São Paulo e um dos maiores do país.

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