O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar duramente o presidente norte-americano, Donald Trump, por causa de um assunto que tem gerado tensão entre os dois países: os minerais críticos brasileiros.
Essa crítica surge em resposta a um interesse demonstrado por Trump em negociar os minerais como moeda de troca, uma possibilidade que gerou reações negativas no Brasil. A questão ganhou força após Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, mencionar a possibilidade de negociação durante a inauguração de uma usina termelétrica no Rio de Janeiro. A declaração de Escobar, que questionava por que o Brasil deixaria outros países explorarem esses recursos, ecoou no debate sobre a taxação de 50% sobre produtos brasileiros que entra em vigor na próxima sexta-feira.
Lula, que já havia dito em Minas Gerais que “ninguém põe a mão” nos minerais brasileiros, reforçou sua posição, afirmando que o mesmo interesse em negociar minerais já foi usado para pressionar a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia, agora sendo direcionado ao Brasil. O presidente descartou a possibilidade de colocar os minerais brasileiros na mesa de negociação, defendendo que eles pertencem ao povo brasileiro e que o país deve ter o direito de usufruir de suas riquezas.
Para garantir o controle sobre esses recursos, Lula anunciou a formação de uma comissão “ultra especial” para mapear as riquezas minerais do país. De acordo com ele, apenas 30% dos recursos minerais brasileiros são conhecidos atualmente, o que indica um enorme potencial explorável. Lula também afirmou que empresas autorizadas a explorarem esses recursos não poderão vendê-los sem a autorização do governo, estabelecendo um controle rigoroso sobre a exportação de minerais.
A situação atual evidencia o conflito entre a soberania nacional brasileira e a busca por uma parceria estratégica com os Estados Unidos, além da dificuldade do país em se transformar de exportador de matéria-prima para um ator com maior autonomia produtiva e desenvolvimento tecnológico.
Lula aproveitou a ocasião para criticar novamente o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, que viajou aos Estados Unidos para tentar pressionar o governo Trump a impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O presidente afirmou que essa ação é uma traição ao povo brasileiro e um ataque às relações entre os dois países.