Durante a inauguração da fábrica da Hemobrás em Goiânia, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez uma dura crítica ao presidente norte-americano, Donald Trump, chamando-o de “inimigo da saúde”. Padilha afirmou que “Trump se acha chefe do mundo” em um discurso que reverberou a tensão diplomática crescente entre os dois países.
A declaração se deu após o Departamento de Estado americano anunciar a revogação dos vistos de Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-diretor do Departamento de Relações Internacionais do Ministério da Saúde, ambos ligados ao programa Mais Médicos. O programa, criado em 2013 durante o governo Dilma Rousseff, tem sido alvo de críticas dos EUA, que o acusam de ser parte de um esquema de exploração de médicos cubanos.
“Nenhum ataque, seja aqui no Brasil, muito menos um ataque que vem de fora, com outros interesses, de quem já tem uma história de atacar a saúde. Porque o presidente Trump começou o ano perseguindo cientistas que desenvolvem vacinas e agora faz um ataque a um programa internacionalmente reconhecido, que é o Mais Médicos”, argumentou Padilha, defendendo o programa que, segundo ele, “salva vidas” e é aprovado pela população brasileira.
O ministro enfatizou a importância da saúde e da soberania nacional, afirmando que “saúde e soberania não se negociam” e que o programa “sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”.
O governo americano justifica a revogação dos vistos alegando que Sales e Kleiman participaram da implementação do Mais Médicos, que consideram uma ferramenta para sustentar o regime cubano. Em um comunicado, o Departamento de Estado afirmou que “esses funcionários foram responsáveis pela cumplicidade com o esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano ou se envolveram nisso, o que explora profissionais médicos cubanos por meio de trabalho forçado. Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais”.
Aliados ao governo Lula interpretam as sanções como uma manobra política do governo Trump, e o Brasil não pretende alterar sua posição, especialmente diante do julgamento de Jair Bolsonaro, previsto para setembro. O episódio evidencia as tensões diplomáticas entre os dois países e as divergências sobre o programa Mais Médicos.