A missão do grupo de senadores brasileiros aos Estados Unidos, com o objetivo de iniciar conversas e encontrar alternativas à imposição de tarifas de 50% anunciada por Donald Trump a partir de 1º de agosto, teve seu desfecho sem grandes avanços. Os oito senadores, entre segunda-feira (28) e quarta-feira (30), participaram de reuniões com empresários e representantes do Congresso americano.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) afirmou que o dia 1º de agosto não marca o fim das negociações, mas apenas o início de um processo de diálogo contínuo. A comitiva retornou ao Brasil com o compromisso de manter o contato e buscar soluções que minimizem os impactos negativos sobre o comércio bilateral.
Segundo a avaliação dos parlamentares brasileiros, a reversão da tarifa em curto prazo parece improvável. A senadora Tereza Cristina ressaltou a necessidade de um trabalho interno antes de retomar os debates, buscando direcionar as próximas ações. O senador Marcos Pontes (PL-SP) concordou, destacando a abertura de um canal de diálogo como resultado positivo. Carlos Viana (Podemos-MG) revelou que os americanos expressaram a preocupação de que o aumento de tarifas em produtos essenciais, como café, manga e suco de laranja, produzidos no Brasil e não nos Estados Unidos, seria prejudicial para ambos os países.
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), afirmou que a viagem serviu para fortalecer as relações diplomáticas e mostrar a importância de manter a comunicação aberta. Ele também expressou a convicção de que a imposição das tarifas seria prejudicial tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos.
A comitiva brasileira foi pressionada por parlamentares americanos, tanto democratas quanto republicanos, sobre o assunto de sanções automáticas contra países que mantivessem relações comerciais com a Rússia. Carlos Viana (Podemos-MG) alertou para a possibilidade de novas dificuldades em 90 dias, com a implementação dessas sanções, que poderiam afetar o Brasil, que importa insumos agrícolas, como fertilizantes, da Rússia.
Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, defendeu a necessidade de aquisição de fertilizantes russos, afirmando que o Brasil precisa buscar as melhores soluções para o seu agronegócio.
Entidades do setor privado americano, como a Câmara Americana de Comércio, e representantes do Congresso americano, alertaram sobre o risco de aumento nos preços internos e prejuízo para negócios americanos e consumidores em caso de manutenção das tarifas de 50%.
Na coletiva de imprensa que encerrou os três dias de trabalho, a comitiva tentou justificar a viagem e detalhar os resultados obtidos nos Estados Unidos. O senador Esperidião Amin (PP-SC) afirmou que o objetivo era “azeitar a diplomacia parlamentar”.
A delegação brasileira foi composta pelos senadores Nelsinho Trad (PSD-MS), Tereza Cristina (PP-MS), Jaques Wagner (PT-BA), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC).