A Nova Ordem Multipolar: Desunião sob o Relativismo Global.

A ordem global tradicional, baseada na ideia de uma humanidade unificada e na supremacia dos valores ocidentais, está se desfazendo. Em seu lugar, emerge uma nova ordem proposta pela ideologia multipolar, que se alinha com as correntes do marxismo e do anticolonialismo relativista. Nesta nova ordem, os territórios que antes eram estados nacionais dentro da ordem ocidental clássica estão sendo remodelados conforme os ditames de líderes populistas que se identificam como defensores das “tradições dos mil povos do mundo”.

Este conceito, inspirado por Martin Heidegger, visa substituir a ideia de humanidade por uma visão mais fragmentada e diversa. Embora sejam conhecidos os problemas do humanismo liberal ocidental e o abuso promovido por seus “direitos humanos”, o novo horizonte que se propõe a substituir tal ordem pode ser ainda pior. Trata-se da renúncia formal da elite ao universalismo e aos conceitos de verdade e bem absolutos.

A questão se coloca: qual país está em situação pior, a Ucrânia ou a Venezuela? Ambas sofrem do flagelo russo, um diretamente e o outro indiretamente. No entanto, a forma como Trump abordou a questão foi questionável. Ele preferiu atacar a Ucrânia, que sofre a ação indireta da Rússia, em vez de se concentrar na situação na Venezuela, onde os cidadãos estão morrendo pelas mãos russas. Mas o que prefere Putin? Certamente, ele prefere manter a Venezuela sob seu controle sutil e sorrateiro, do que enfrentar a humilhação de perder a guerra na Ucrânia.

A retórica multipolar é um engodo pernicioso, uma mentira tática e evidente. Ela sugere que cada país, povo ou território pode ambicionar ter seu próprio império, desde que a Rússia possa conquistar quaisquer territórios usando essa justificativa. No entanto, a tradição ocidental manda que a “autodeterminação dos povos” esteja nas mãos desses povos, cuja forma de governar se tornou a democracia. Se ela tem problemas, e sabemos que tem, não nos parece melhor colocar no seu lugar o arbítrio do caudilho ou do aventureiro imperialista que ganha legitimidade automática bastando dizer que representa as “tradições” do seu povo.

Este é o relativismo, o indiferentismo por trás da ordem multipolar igualitária, que não por acaso possui entre suas bases uma revolução gnóstica de rebelião espiritual. Em nossos canais do Telegram, temos alertado para a construção dessa nova ordem e seus perigos. Acesse-nos e faça parte da conversa.

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