Brasil e Israel em Crise Diplomática Sem Precedentes

A relação entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Israel se deteriorou nas últimas semanas, culminando em uma crise diplomática sem precedentes. A decisão do Brasil de abandonar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) gerou forte repercussão internacional, sendo criticada por líderes judaicos, organizações internacionais e até mesmo por aliados políticos de Lula.

Essa ruptura diplomática se soma à recusa do governo brasileiro em confirmar a nomeação de um novo embaixador israelense no país. O último embaixador, Daniel Zoshine, deixou o cargo e Gali Dagan, ex-embaixadora na Colômbia, já havia sido apontada para substituí-lo, mas não recebeu o agrément, a autorização da autoridade nacional para exercer funções diplomáticas.

Durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Celso Amorim, assessor especial de Lula, confirmou a decisão de não confirmar a indicação do novo embaixador israelense, justificando a medida como uma retaliação aos atos do governo israelense. Amorim mencionou a “humilhação pública” sofrida pelo embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, durante uma convocação por parte do ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, para explicar as declarações de Lula sobre a invasão da Faixa de Gaza.

A decisão de retirar o Brasil da IHRA foi tomada um dia após o anúncio da participação do país em uma ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) das Nações Unidas, na qual se acusa Israel de cometer “genocídio” contra palestinos na Faixa de Gaza. Essa decisão provocou indignação internacional, com o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificando-a como uma “grave falha moral”.

O rompimento com a IHRA gerou desconforto e críticas até mesmo entre aliados políticos de Lula. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, criticou a medida, afirmando que ela favorece o antissemitismo. O senador Davi Alcolumbre (União-AP), líder do governo no Senado, também manifestou desconforto com a decisão, embora não tenha se pronunciado formalmente sobre o assunto.

Fernando Lottenberg, comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA), classificou a decisão como um “grave equívoco”, enquanto o World Jewish Congress (WJC) considerou o gesto “irresponsável e profundamente preocupante”. O Combat Antisemitism Movement, uma coalizão internacional de organizações e ativistas, afirmou que Lula “deu as costas aos judeus brasileiros”, minimizando o Holocausto e “normalizando” o antissemitismo no Brasil.

Daphne Klajman, especialista em antissemitismo, criticou a decisão de Lula, afirmando que ele revelou que seu governo é “o mais antissemita desde Vargas”. A especialista lamentou que Lula tenha ferido a memória dos 6 milhões de mortos no Holocausto e desrespeitado os judeus que vivem no Brasil.

A crise diplomática entre Brasil e Israel se intensificou após Lula comparar a invasão militar de Israel em Gaza com o Holocausto, uma declaração que gerou condenação internacional.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou Lula de banalizar o Holocausto, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, declarou Lula “persona non grata” em Israel.

A situação atual coloca em xeque as relações diplomáticas entre os dois países e levanta preocupações sobre o impacto da decisão de Lula em diversos setores da sociedade brasileira.

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