A crise no Rio de Janeiro se aprofunda após a recusa do governo federal em apoiar a megaoperação de combate ao tráfico de drogas. O presidente Lula, no entanto, busca gerir a situação e lidar com os danos políticos decorrentes da declaração de que os traficantes são vítimas dos usuários. Essa afirmação, feita pelo governo petista, cria dificuldades para defender a narrativa oficial.
O ex-juiz de Direito Adriano Soares da Costa criticou a posição do governo, destacando a falta de manifestação oficial e de palavras de elogio aos soldados que perderam a vida na batalha. “O presidente Lula preferiu o silêncio e limitou-se a fazer declarações genéricas sobre a criminalidade”, disse ele. A ausência de uma resposta clara do governo permite que a disputa pela opinião pública seja intensa.
De um lado, o governo petista e movimentos de esquerda condenam a ação policial, criticando a letalidade e a estratégia de enfrentamento. Por outro, o governo fluminense e governadores de direita defendem a operação como uma forma eficaz de solucionar o problema. “A esquerda já perdeu a guerra de narrativas”, afirma o escritor Francisco Escorsim. “Ela tenta defender a segurança pública usando o discurso de inteligência, mas ignora o fato de que a situação de guerrilha existe há décadas”.
Já o vereador Guilherme Kilter afirma que a população apoiou a megaoperação, citando uma pesquisa que mostrou que mais de 70% dos cariocas e fluminenses aprovaram a ação. A PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal, está aguardando o dia 4 de dezembro para a entrega do relatório. A proposta, que concentra os recursos e a política pública de segurança no governo federal, é vista como perigosa pelo ex-juiz Soares da Costa, que diz que ela pode levar ao fim do federalismo brasileiro.
O escritor Escorsim, por sua vez, é cético em relação à proposta, especialmente diante da falta de um debate verdadeiro. “Está com cara de campanha eleitoral”, diz ele. “A direita automaticamente quer recusá-la, enquanto a esquerda quer aprová-la para comprar o discurso de que ela preza pela segurança pública”. O programa Última Análise, da Gazeta do Povo, discute temas desafiadores para os rumos do país de forma racional e respeitosa.
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