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Histórico

Dervil Mantovani deixou marcada sua passagem em Paraguaçu

Acervo Paulo James

O empresário Dervil Mantovani deixou marcada sua passagem e faz parte da história de Paraguaçu Paulista; é difícil não falar da história do município sem citar seu nome. O nome de Dervil está associado ao Hotel São Paulo, do qual ele foi proprietário. Na última sexta-feira, durante o sarau “Um olhar sobre a poesia”, promovido pela APEP, encontrei-me com Dante Mantovani, o filho caçula de Seu Dervil, que apresentou no sarau dois números musicais que mexeu com a plateia presente no salão nobre da biblioteca. No final das apresentações fui conversar e cumprimentar Dante e, no meio da conversa, surgiu a lembrança de seu saudoso pai. Comentei que gostaria muito de escrever sobre ele e que guardava boas recordações do Seu Dervil.

Entre as boas recordações que trago guardadas dele, lembro-me que no final da década dos anos 60 minha mãe trabalhava no Hotel São Paulo – na ocasião era um dos hotéis mais procurados e mais movimentados da cidade. Veio-me também à mente um fato ocorrido naquela época, que ainda está vivo em minha memória: o caso começou com um acidente, um homem foi atropelado no cruzamento da Avenida Paraguaçu com a Avenida Brasil; Seu Dervil que estava na portaria do Hotel e presenciou o acidente, imediatamente correu para socorrer o homem atropelado, ele pegou o homem todo ensaguentado nos braços e levou-o ao Hospital em seu carro. Ao preencher a ficha de internação ele ficou sabendo que o atropelado não possuía família e morava sozinho na zona rural. Quando o homem teve alta do hospital, Dervil foi procurado pelo médico que lhe disse que o paciente necessitava de alguns cuidados especiais e isso seria impossível, já que ele morava sozinho. Dervil foi buscá-lo e levou-o para o hotel e lá reservou um quarto, adaptou uma cama apropriada; ele próprio deu os medicamentos ao homem durante mais de sessenta dias. Dervil Mantovani não cobrou nada. Apesar de ter passado tanto tempo, ainda me recordo dos agradecimentos do homem acidentado ao Senhor Dervil, ele disse: “ O que o senhor fez por mim nunca ninguém fez e só Deus vai poder lhe recompensar”.

Realmente, Dervil tinha um grande coração, era uma pessoa iluminada e um verdadeiro bom samaritano. Ele sempre dizia: “A caridade é uma das maiores virtudes do ser humano e é só através dela que se conquista o coração de Deus”.
Outra passagem que marcou a minha amizade com o Seu Dervil é que ele era uma pessoa mística e filosófica e, já na minha fase adulta, sempre fui ligado a Fraternidade Rosacrucianas; nossas ideias sempre batiam e quando eu o encontrava recebia dele uma verdadeira aula referente a assuntos filosóficos.
Certo dia encontrei-me com ele na prefeitura e ele me contou que havia criado um local para meditação e tinha colocado no topo do Palace Hotel uma pirâmide que emanava bons fluídos. Durante vários anos frequentei o Palace e possuía até uma cópia da chave que o Seu Dervil me deu do local onde ficava a pirâmide, .
Só quem conviveu com Dervil Mantovani sabe dessa grande personalidade que ele possuía.
Nasce em Bariri, em 1921, Dervil

Era o ano de 1921, um ano que entraria para a história com uma das maiores descobertas científicas: dois pesquisadores da Universidade de Toronto isolavam pela primeira vez o hormônio fabricado nas células do pâncreas: a insulina. A descoberta permitiu controle do diabetes, até então mortal. Nesse ano os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Itália e o Japão assinam, em Washington, um tratado de limitação do armamento naval. Foi no ano de 1921 que Isaac Newton é agraciado com o Prêmio Nobel de Física pelos serviços prestados à teoria da Física.
E foi nesse ano que nascia na cidade de Bariri, Dervil Mantovani. O menino cresceu nadando na então limpa água do Rio Tietê. Dervil sempre contava que teve uma infância muito feliz e sempre dizia que falar sobre a infância era viajar de volta ao passado.

Ele recordava sempre das brincadeira às margens do Rio Tietê quando ele e seus amigos travavam uma batalha onde as munições eram os caroços de mamonas verdes. Os meninos, todos munidos de estilingue, se escondiam entre as árvores e davam inicio ao combate: o resultado dessas brincadeira era o corpo coberto de ematomas.
Outra de suas travessuras vividas na sua infância era ‘pegar’ melancia na cidade vizinha de Boraceia.
Com 10 anos de idade deixou a casa do pai em Bariri e foi para São Paulo, onde conheceu o Padre Inácio, que o levou para estudar no seminário jesuíta de Nova Friburgo. Dervil iniciou seus estudos para ser padre, mas passado alguns anos, percebeu que não possuía vocação para batina; saiu do seminário e retornou à São Paulo e, com menos de 15 anos, começou a trabalhar de engraxate.
Dervil tinha uma visão de que criança tinha que começar a trabalhar cedo e dizia: “o trabalho não tira pedaço de ninguém”.

Matéria Publicada em 2014

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Paulo James

Jornalista 77.825/SP. Escreveu nos dois principais jornais de Paraguaçu; Folha da Estância e Jornal A Semana, colaborou com o jornal Batalha Regional, pesquisador da historia de Paraguaçu Paulista.

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