IA impulsiona Indústria 4.0 no Brasil: Crescimento e Desafios

A expansão da digitalização no setor industrial brasileiro tem sido notável, impulsionada por uma crescente adoção de tecnologias digitais avançadas. Dados recentes da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), elaborada pelo IBGE, revelam um salto significativo na utilização da inteligência artificial (IA) pelas empresas. Em apenas dois anos, a aplicação da IA saltou de 16,9% para 41,9%, demonstrando um crescimento de 25 pontos percentuais. Essa evolução tecnológica reflete o esforço das empresas brasileiras em buscar soluções digitais para otimizar seus processos e se tornarem mais competitivas.
A Pintec, realizada com 10.167 empresas industriais com 100 ou mais funcionários, destaca a ampla utilização de tecnologias digitais como Big Data, computação em nuvem, internet das coisas (IoT), manufatura aditiva (impressão 3D) e robótica. A computação em nuvem se destaca como a tecnologia mais utilizada, presente em 77,2% das empresas, seguida pela IoT com 50,3%. A inteligência artificial tem se consolidado como ferramenta essencial para a otimização de processos administrativos e comerciais, com um número crescente de empresas investindo em soluções inteligentes para impulsionar seus negócios.
A IA tem sido aplicada principalmente em áreas administrativas, comercialização e desenvolvimento de projetos. 87,9% das empresas a utilizam em suas operações administrativas, enquanto 75,2% a empregam em suas estratégias de comercialização. Além disso, 73,1% das empresas utilizam a IA no desenvolvimento de novos projetos ou produtos, evidenciando a capacidade dessas tecnologias em melhorar a eficiência e agilidade das empresas, especialmente em áreas que envolvem gestão e criação de valor.
Apesar do avanço, a aplicação da IA na produção apresentou uma leve queda, de 56,4% para 52% entre 2022 e 2024. Esse recuo pode estar relacionado à complexidade da implementação de soluções de IA nas linhas de produção e à necessidade de maior personalização e integração com os sistemas existentes, o que exige investimentos maiores e treinamento especializado.
As empresas que adotam tecnologias digitais avançadas relatam diversos benefícios, com o aumento da eficiência sendo o mais citado, com 90,3% das empresas apontando esse fator como um ganho importante. A maior flexibilidade nos processos também foi destacada por 89,5% dos participantes. Essas vantagens demonstram o impacto positivo das tecnologias na competitividade e desempenho das empresas, que conseguem responder mais rapidamente às demandas do mercado e otimizar seus processos internos.
Além disso, a utilização dessas tecnologias permite que as empresas tomem decisões mais informadas e baseadas em dados, o que se traduz em estratégias mais assertivas e maior controle sobre suas operações.
Apesar dos avanços, desafios persistem na adoção plena de tecnologias digitais avançadas. Custos elevados continuam sendo um obstáculo para muitas empresas, que enfrentam dificuldades para financiar a implementação de soluções tecnológicas de ponta. A falta de profissionais qualificados também é um desafio, especialmente considerando a escassez de talentos no setor de TI.
A integração entre áreas da empresa também é um desafio, já que a adoção efetiva da IA exige trabalho integrado, compartilhamento de dados e alinhamento de estratégias. A falta de comunicação e resistência à mudança por parte de alguns setores dificultam esse processo.
O estudo realizado pelo IBGE, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca a importância de parcerias estratégicas entre instituições públicas e privadas para o desenvolvimento tecnológico. O levantamento evidencia o progresso do Brasil em inovação digital, mas ressalta a necessidade de avanços para que o país se torne uma potência em indústria 4.0. A pesquisa também enfatiza o papel da educação e da formação profissional no desenvolvimento tecnológico do país. Universidades e instituições de ensino precisam se adaptar às necessidades do mercado, formando profissionais qualificados para as demandas da indústria, com foco em áreas como inteligência artificial, dados e robótica. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento também são cruciais para garantir a inovação e o enfrentamento dos desafios tecnológicos pelas empresas brasileiras.