Tecnologia

Mulheres na TI: O Desafio Estrutural que Freia a Inovação

A sub-representação feminina no setor de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil não é um mero desafio de recrutamento, mas um complexo problema estrutural que freia a inovação e o crescimento econômico do país, impactando diretamente comunidades como Paraguaçu Paulista. Nossa investigação aprofundada aponta que a desigualdade de gênero na tecnologia começa na infância, é reforçada pela cultura e pela educação, e se consolida nos ambientes universitários e corporativos, exigindo uma abordagem multifacetada para ser superada.

Raízes Profundas: Da Infância à Formação Acadêmica

A discussão sobre diversidade em TI, muitas vezes focada em metas de contratação, ignora a raiz do problema. A baixa participação feminina resulta de um funil que se estreita ao longo da vida das mulheres. Desde cedo, recebem estímulos distintos. Matemática, lógica e tecnologia nem sempre são apresentadas como caminhos naturais, criando um efeito cumulativo que se reflete na escassa presença em cursos superiores. Especialistas reiteram a necessidade de estímulo e oportunidade, não de talento inato.

Levantamentos recentes sobre a inclusão feminina em STEM, analisados por nossa redação, revelam gargalos claros. Embora mulheres representem 60% das concluintes universitárias, apenas 17% estão em cursos de tecnologia e 33% em engenharia. Em algumas especialidades, esse percentual despenca para menos de 10%. Isso evidencia que o desafio está na escolha da carreira, que se forma muito antes da universidade. Mesmo em cursos STEM, a permanência é um desafio: 25% desistem no primeiro ano, devido a ambientes hostis e falta de representatividade.

O Custo para a Economia e Barreiras no Mercado

Limitar a presença feminina em TI vai além da perda de diversidade; compromete o desenvolvimento econômico. A tecnologia impulsiona economias avançadas, e ao restringir a participação das mulheres, o mercado limita seu banco de talentos. A ausência feminina gera um paradoxo: empresas enfrentam escassez de profissionais, enquanto metade da população permanece sub-representada.

Apesar das iniciativas de capacitação, a inserção no mercado é deficiente. Mulheres qualificadas enfrentam barreiras para acessar oportunidades reais, especialmente em cargos estratégicos e de liderança. O déficit maior reside no acesso às posições, não na formação.

Caminhos para a Mudança: Mentoria, Aliados e Intencionalidade

Entre as práticas eficazes, a mentoria se destaca por criar vínculos e apoio contínuo, com programas universitários demonstrando resultados concretos na empregabilidade. É fundamental desconstruir a ideia da diversidade como pauta feminina exclusiva. O engajamento ativo dos homens, como mentores e líderes, é decisivo para ambientes mais inclusivos, beneficiando a todos e fortalecendo a cultura organizacional.

A transformação da representatividade feminina em TI exige intencionalidade. Dados, metas e discursos são insuficientes sem a vontade real de mudança estrutural. É preciso compromisso consciente de longo prazo para investir no desenvolvimento, apoiar a base e revisar processos. O futuro da tecnologia depende da capacidade do setor de incluir e reter talentos diversos. Ignorar a desigualdade de gênero significa ir na contramão das novas gerações.

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Samuel Nascimento

Natural de Paraguaçu Paulista, terra de Erasmo Dias, Liana Duval e Nho Pai. Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e cursando Engenharia da Computação; Empreendedor na área de Marketing Digital; Ciclista; Músico Violinista; Organizador do Festival de Música de Paraguaçu Paulista e Spalla da Orquestra Jovem de Paraguaçu Paulista.

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