A cidade do Rio de Janeiro ainda está sob a sombra da megaoperação policial que, na zona Norte, trouxe mais uma vez a realidade da violência e da instabilidade à vida dos moradores e dos visitantes. Mesmo um dia após a operação, a atmosfera de tensão e reforço policial persiste, refletindo-se nas rotinas diárias da população.
Os transportes públicos funcionam normalmente, mas o número de passageiros é significativamente menor do que o habitual. A circulação de carros nas ruas também é reduzida, o que sugere que a população está optando por evitar as áreas mais afetadas. As universidades públicas e algumas escolas próximas à zona Norte suspenderam as aulas, e as unidades de saúde restringiram o atendimento, como conta o mecânico Haroldo Santana da Cruz.
“Eu estava marcado para uma consulta médica, mas não consegui chegar. Estou em tratamento há algum tempo e não posso parar esse tratamento. Tenho problemas de saúde graves, incluindo pneumonia e diabetes. Agora, não sei quando vou conseguir marcar uma nova consulta e vou ter que parar de tomar os remédios que dependo da receita para tomar”, explica Haroldo.
O motorista de aplicativo Jefferson Silveira também sentiu o impacto da operação. “Fui trabalhar por volta das 7h20, mas fiquei parado por cerca de uma hora e meia sem passageiros. Acabei voltando para casa sem ter trabalhado. O prejuízo é grande, pois perdi um dia inteiro de trabalho”, relembra. Vitor Antunes, outro motorista de aplicativo, confessa estar muito tenso para trabalhar. “Ontem foi muito difícil, pois não conseguimos rodar direito e não pude transitar pela zona Norte. Hoje está calmo, mas há uma sensação de incerteza sobre o que pode acontecer novamente.”
Já o produtor de eventos Pedro Ribeiro não conseguiu voltar para casa na terça-feira. “Ontem, devido ao caos no Rio, às operações policiais, não consegui nem voltar para casa. Fiquei monitorando com os meus pais e a minha esposa. As ruas estavam fechadas, bloqueadas e havia bloqueio nas estradas. Fiquei com medo de voltar para casa e acabou que dormi fora de casa, na casa de amigos, para evitar o transtorno e o risco de vida”, conta Pedro.
Essa megaoperação policial cumpriu mais de 100 mandados de prisão de integrantes e lideranças da maior facção criminosa que atua no Rio de Janeiro e em vários outros estados.



