Médicos repudiam ações de parlamentares na CPI da Pandemia
O Conselho Federal de Medicina e o grupo Médicos pela Vida emitiram nota de repúdio em defesa do médico, ao respeito e à civilidade na CPI da Pandemia.

O Conselho Federal de Medicina (CFM), em nome dos mais de 530 mil médicos brasileiros, manifestaram nesta semana, sua indignação e repúdio aos excessos, abusos e desrespeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia. O presidente do conselho irá encaminhar a nota de repúdio ao presidente do senado Rodrigo Pacheco.
A classe lamenta que esses médicos que estão na linha de frente, sejam submetidos a situações de constrangimento e humilhação. Ao comparecer na CPI da Pandemia, qualquer depoente ou testemunha tem garantido seus direitos constitucionais, não sendo admissíveis ataques à sua honra e dignidade, por meio de afirmações vexatórias.
O grupo Médicos pela Vida também divulgou uma carta de repúdio endereçada à CPI em apoio a depoente Dra.Nise Yamaguchi, lamentando o ocorrido e salientando que a médica foi submetida a situação vexatória e interrompida várias vezes por parlamentares durante seu depoimento, pondo em xeque seu conhecimento.
Dra.Nise Yamaguchi, imunologista, doutora e mestre em pneumologia, especialista em Oncologia Clínica, onde tratou de mais de 15.000 pacientes com câncer diretamente, reconhecida mundialmente por seus trabalhos, muitos deles de forma voluntária, foi convidada nesta terça-feira(1º), para depor na CPI. Logo no início da sessão, foi questionada por várias vezes, pelo relator Renan Calheiros sobre idas ao Ministério da Saúde, sendo interrompida todas as vezes, não conseguindo sequer completar seu raciocínio. Foram feitas inúmeras perguntas provocativas e tendenciosas, com abordagens intimidadoras, inclusive sobre o presidente Bolsonaro, onde o relator insinuou por diversas vezes, que a médica estaria participando de um “gabinete paralelo”. Direcionou seu conhecimento e experiência de anos para o lado político, no intuito de “sujar” a imagem do presidente e desabonar a médica.
A médica deixou claro que sempre foi uma colaboradora individual, e que estava lá em defesa ao povo brasileiro, falando e compartilhando sobre as ações que ela julga importante nesse momento de pandemia, com base em suas experiências e suas evidências científicas de mais de 40 anos de profissão e que não tem partido político. Ela esteve em evidência durante a pandemia, por ser defensora do tratamento imediato em pacientes com covid. A oncologista ressaltou que não há conflitos de interesse, nem ganhos pessoais, apenas contribui através de seu conhecimento técnico científico.” O que cura a doença é a própria pessoa, através de seu sistema imunológico”. “As medicações otimizam nosso sistema para minimizar o quadro e evitar mais mortes”, explica a médica. “A ciência não é exata, e sempre teremos discussões entre cientistas sobre diversos assuntos, o que não pode é transformar isso em política. “O inimigo deveria ser o vírus”.” A imunidade de rebanho é um fato e não uma opinião”, explica a médica durante a CPI, quando questionada sobre sua opinião com relação as medidas para o controle da pandemia.
“Estou me sentindo bastante agredida”, desabafou a médica.
Um grupo de advogados irá ingressar com ação contra Omar Aziz e outros senadores por abuso de autoridade contra a Dra.Nise Yamaguchi e assessora, pastora Jane Silva em CPI.