Política e Economia

Centrão articula candidatura alternativa à direita para 2026

A expectativa de um julgamento concluído ainda este ano para o ex-presidente Jair Bolsonaro, em relação à suposta tentativa de golpe de Estado, tem acelerado as articulações dentro do Centrão. Partidos como o União Brasil e o Progressistas (PP) buscam construir uma candidatura alternativa para 2026, unindo forças em torno de uma figura que represente a direita.

As reuniões entre governadores potenciais, com tom eleitoral, têm marcado a estratégia, buscando uma unidade de discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PP e o União Brasil, formando a federação União Progressista, têm como pré-candidato Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Apesar disso, conversas também acontecem com Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR), Romeu Zema (MG) e Eduardo Leite (RS).

Em busca de unificar a direita, a União Progressista realizou um jantar para discutir os próximos passos na semana passada. A articulação se intensifica com a figura central de Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e aliado de Bolsonaro, que defende a escolha antecipada de um candidato.

“Defendo que Bolsonaro faça essa escolha ainda neste ano para evitar uma proliferação de candidaturas. O governador [que for disputar a Presidência] precisa do aval do ex-presidente para consolidar sua candidatura”, argumenta Ciro. A escolha, segundo ele, precisa ser feita com antecedência, especialmente se for um governador, para que a campanha se prepare de forma eficiente.

Para Victor Missiato, historiador e analista político do Mackenzie, a movimentação do Centrão demonstra a tentativa de capturar o eleitorado bolsonarista. Essa tendência se intensificará conforme o julgamento do ex-presidente se aproxima.

“Isso é perceptível na fala dos governadores presidenciáveis, que não se afastam de Bolsonaro, mas se posicionam de forma mais autônoma. Essa tendência é tanto partidária quanto individual, e se torna mais evidente no discurso de quem busca a Presidência, dependendo muito do apoio dos partidos e das alianças para se manter relevante”, explica Missiato.

As ações do Centrão, no entanto, não agradam aos filhos de Bolsonaro, que têm se manifestado contra os governadores em redes sociais. Carlos Bolsonaro, por exemplo, criticou a postura dos políticos, acusando-os de oportunismo e de não representarem o povo. Eduardo Bolsonaro, sem citar nomes, também criticou a “omissão” dos pré-candidatos em relação à prisão domiciliar do pai.

Para Missiato, as críticas revelam que, apesar das tentativas do Centrão, Bolsonaro pretende continuar participando das articulações políticas para 2026, utilizando o discurso da perseguição e da tentativa de absolvição para angariar apoio e votos. O nome de Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, surge como uma possibilidade para a corrida presidencial.

Apesar dos discursos contra Lula, a União Progressista continua a ocupar cargos no governo, com quatro ministros, além de indicações em órgãos como a Caixa Econômica Federal e a Codevasf. Lideranças dos partidos admitem que questões locais, o controle de parte do Orçamento federal e o desejo de alguns ministros de usar os cargos como plataforma para candidaturas ao Senado impedem uma saída abrupta do governo.

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