Tecnologia

Desafios da Soberania Digital para Empresas Brasileiras

A crescente dependência das empresas brasileiras em provedores de nuvem internacionais está gerando preocupações sobre a soberania digital, a segurança e a autonomia. A escolha entre provedores de nuvem internacionais e nacionais é um desafio que vai além da simples implementação tecnológica, afetando as estratégias de negócios e a governança nas empresas brasileiras.

A falta de soberania jurídica e operacional sobre os dados é um dos maiores riscos associados ao uso de provedores de nuvem internacionais. As empresas que armazenam informações em provedores estrangeiros se tornam vulneráveis a legislações externas, como o Cloud Act norte-americano, que pode expô-las a riscos de vazamentos de informações sigilosas, bloqueios de acesso e sanções geopolíticas. Além disso, a dependência de infraestrutura internacional aumenta a exposição à instabilidade cambial e problemas relacionados à latência, que podem afetar a previsibilidade financeira e a continuidade dos negócios.

A soberania digital é um tema que abrange duas dimensões cruciais: a governamental e a corporativa. A governamental garante o controle estratégico sobre informações sensíveis do país e seus cidadãos, enquanto a corporativa permite maior previsibilidade jurídica, facilita a auditoria e garante o alinhamento com leis como a LGPD. A soberania digital é essencial para as empresas que buscam manter a autonomia e a confiabilidade em suas operações.

A cotação do dólar é outro fator determinante no planejamento financeiro das empresas que dependem de cloud internacional. A variação cambial pode provocar aumentos significativos nas despesas de cloud sem que haja alteração no volume de uso, complicando o planejamento orçamentário dos gestores.

A hospedagem de dados no território nacional simplifica o cumprimento da LGPD e reforça a governança sobre informações pessoais e corporativas. Ao manter os dados sob jurisdição brasileira, as empresas não precisam se preocupar com as complexidades das transferências internacionais de dados, reduzindo custos e facilitando auditorias.

A adoção de nuvem nacional está crescendo, com a tendência de multi nuvem se tornando cada vez mais popular. A abordagem de distribuir as cargas de trabalho entre provedores e localidades diferentes aumenta a segurança, a estabilidade e o compliance, especialmente em setores altamente regulados.

Um dos principais desafios na migração para a nuvem nacional é a falta de planejamento de portabilidade das aplicações. Os maiores desafios ocorrem quando empresas cresceram suas aplicações sem planejamento de portabilidade, sistemas acoplados, dependentes de serviços proprietários ou com bases de dados monolíticas sofrem mais no processo de migração.

Quando se trata de equilibrar custo e performance, a estratégia híbrida é a mais indicada. Empresas podem manter suas cargas de trabalho sensíveis, regulados ou de missão crítica em provedores nacionais, enquanto alocam workloads de análise, teste ou colaboração global em nuvens internacionais.

Existem diversos mitos em torno da infraestrutura de nuvem 100% nacional, especialmente a ideia de que os provedores locais oferecem uma tecnologia inferior. No entanto, as infraestruturas nacionais contam com certificações internacionais equivalentes às das grandes corporações globais, como ISO 27001 e PCI DSS.

A principal vantagem do suporte de provedores nacionais é a agilidade e personalização do atendimento. Enquanto as grandes empresas globais operam com modelos padronizados, os provedores locais oferecem uma abordagem mais consultiva, conhecendo melhor as necessidades do mercado brasileiro e oferecendo uma resposta mais rápida e eficaz a incidentes.

A escolha entre provedores de nuvem internacionais e nacionais é um desafio que exige atenção e planejamento cuidadosos. As empresas que buscam manter a soberania digital, a segurança e a autonomia devem considerar a hospedagem de dados no território nacional e a adoção de estratégias híbridas para equilibrar custo e performance.

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Samuel Nascimento

Natural de Paraguaçu Paulista, terra de Erasmo Dias, Liana Duval e Nho Pai. Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e cursando Engenharia da Computação; Empreendedor na área de Marketing Digital; Ciclista; Músico Violinista; Organizador do Festival de Música de Paraguaçu Paulista e Spalla da Orquestra Jovem de Paraguaçu Paulista.

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