Cometa Interestelar 3I/Atlas traz Segredos sobre a Química da Vida

Em julho deste ano, o telescópio Atlas da Nasa identificou um objeto misterioso “passeando” pela órbita de Júpiter. Após uma série de análises rigorosas, os científicos concluíram que se tratava de um cometa interestelar, vindo de fora do Sistema Solar, que penetrara na região dos planetas que orbitam o Sol a uma velocidade impressionante de 221 mil quilômetros por hora.
Este cometa, nomeado de 3I/Atlas, chamou a atenção dos científicos por ser apenas o terceiro corpo celeste interestelar registrado “de passagem” pelo Sistema Solar. Antes dele, o ‘Oumuamua em 2017 e o 2I/Borisov em 2019 já haviam sido descobertos. A descoberta do 3I/Atlas reacendeu a esperança de que possamos aprender com os ingredientes da “química da vida” em outros sistemas planetários.
De acordo com estimativas dos pesquisadores, o 3I/Atlas possui um diâmetro “não menor que 440 metros e não superior a 5,6 quilômetros”. Além disso, ao contrário de seus dois antecessores, o 3I/Atlas é composto de água. Essa é uma característica fundamental para o estudo da atividade dos cometas interestelares e de outras galáxias. “Cada cometa interestelar até agora tem sido uma surpresa”, afirma o pesquisador e um dos autores do estudo, Zexi Xing, da Universidade de Auburn, nos EUA.
O 3I/Atlas está “jorrando” água a uma distância que não esperávamos, reescrevendo o que pensávamos saber sobre como os planetas e cometas se formam em torno das estrelas. “Quando detectamos água, ou mesmo o eco ultravioleta de um cometa interestelar, estamos lendo dados de outro sistema planetário”, destaca o professor de física de Auburn, Dennis Bodewits. “Isso nos diz que os ingredientes da ‘química da vida’ não são exclusivos do nosso Sistema Solar”.
A partir das observações do telescópio, os astrônomos podem dizer que o 3I/Atlas está ativo, o que significa que ele possui um núcleo gelado e uma coma (nuvem brilhante de gás e poeira que rodeia um cometa à medida que se aproxima do Sol). É por isso que os astrônomos o categorizam como um cometa, e não como um asteroide.
O 3I/Atlas é um objeto interestelar que se aproximou de Júpiter. Apesar de sua alta velocidade, o cometa não é limitado pela gravidade do Sol. Sua trajetória hiperbólica significa que sua trajetória não está presa à órbita do Sol, e que, nos próximos meses, o cometa será lançado para fora do nosso Sistema Solar, desaparecendo no espaço interestelar.
“Ninguém sabe de onde veio o cometa. É como vislumbrar uma bala de rifle por um milésimo de segundo. É impossível projetar com precisão onde começou seu caminho”, disse o pesquisador David Jewitt, líder da equipe científica do telescópio espacial Hubble, também responsável por monitorar o 3I/Atlas. No momento, o cometa não é mais visível da Terra, mesmo com o uso de telescópios ou outros equipamentos. Mas deverá aparecer do outro lado do Sol no início de dezembro, permitindo novas observações.
Várias teorias surgiram após o anúncio da descoberta do 3I/Atlas, desde invasões alienígenas a sondas espiãs e até mesmo uma possível colisão com a Terra. Mas os cientistas asseguram: não há motivos para preocupação. Embora a trajetória do objeto o traga para o sistema solar interno, o cometa 3I/Atlas não irá se aproximar mais do que 1,8 unidades astronômicas (cerca de 270 milhões de quilômetros) do planeta Terra.