A crescente insatisfação de países participantes da COP 30, a conferência climática da ONU que acontecerá em Belém em novembro, tem gerado uma série de questionamentos sobre a logística e os custos da evento. Telegramas enviados à Brasília desde janeiro por diversas embaixadas revelam preocupações sobre o valor e a disponibilidade de hotéis, um problema que coloca em xeque a participação de alguns países.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o sentimento generalizado entre os países é de “revolta”, com nações em menor desenvolvimento relatando dificuldade em se deslocar a Belém devido aos preços exorbitantes. Ele reforçou que não há um “plano B”, garantindo que o evento acontecerá na capital paraense.
A Alemanha, por exemplo, manifestou preocupações sobre o deslocamento e a hospedagem em Belém. A Suíça, por sua vez, afirmou que a delegação teria problemas em justificar os valores cobrados pelos hotéis paraenses ao Parlamento, o que resultaria em uma redução no número de representantes. A Indonésia, citando “altos custos de hospedagem”, anunciou que sua delegação, composta por 500 pessoas, seria menor do que a da última conferência climática, onde 800 pessoas participaram. A China, por sua vez, relatou dificuldades em reservar hotéis devido à baixa disponibilidade e aos preços extremamente altos.
Diante dessa situação, o governo federal se viu obrigado a apresentar esclarecimentos à ONU sobre a insatisfação dos países participantes. Uma plataforma online foi lançada para oferecer hospedagens em hotéis, apartamentos e casas a 73 países classificados pela ONU como “em desenvolvimento”. No entanto, o sistema apresentou instabilidade devido ao grande número de acessos.
A organização da conferência confirmou que uma nova reunião está agendada para 11 de agosto, com o objetivo de discutir os altos custos de acomodação, transporte, segurança e alimentação. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis afirmou ter conseguido negociar tarifas especiais para as comitivas, com 500 apartamentos disponíveis a preços de até US$ 300 por noite. Antônio Santiago, presidente da associação, destacou que hotéis de diferentes categorias, incluindo cinco estrelas, contribuíram para a oferta de acomodações a preços mais acessíveis.
A organização do evento, que espera receber cerca de 50 mil participantes, já havia sido criticada por 25 países, incluindo nações desenvolvidas como Canadá, Suécia e Holanda, que, em carta conjunta, solicitaram a transferência total ou parcial da sede da conferência. Em seu documento, os países argumentam que a participação na COP 30 exige a possibilidade de viajar a Belém, encontrar acomodações adequadas e acessíveis, além de garantir a segurança e a eficiência no transporte para o pavilhão da conferência, mesmo em horários tardios.
A secretaria-extraordinária da COP-30 confirmou o recebimento da carta e afirmou que “não há possibilidade” da conferência ou parte dela acontecer fora de Belém.
