A Confiança Digital como Diferencial Competitivo no Brasil 2025
A economia global está passando por um momento de transformação estrutural, onde a capacidade de competir não depende apenas de inovação, eficiência operacional ou volume de investimentos. O novo diferencial competitivo das organizações e das nações está diretamente ligado ao nível de confiança digital que são capazes de construir e sustentar. É esse princípio que guia o Relatório Nacional de Cibersegurança 2025 da Cyber Economy Brasil, um documento que revela como a segurança cibernética deixou de ser um mecanismo de defesa e se tornou o pilar estratégico da próxima fase de desenvolvimento econômico do país.
O IMR Ciber, um índice de maturidade e resiliência cibernética, é uma das contribuições mais relevantes do relatório. Esse índice permite medir com precisão o estágio de segurança de organizações públicas e privadas em diferentes dimensões, incluindo governança, cultura, estrutura interna, desafios orçamentários e regulatórios, capacidade de identificar e proteger ativos, eficiência na detecção e resposta, preparo para continuidade de negócios e adoção de tecnologias de inovação. O IMR Ciber oferece clareza para a tomada de decisão executiva, facilitando a priorização de investimentos e a construção de estratégias eficazes de proteção.
A cibersegurança não é mais um tema técnico restrito ao departamento de TI. Ela passou a fazer parte da agenda estratégica do Conselho de Administração, afetando diretamente alocação de recursos, expansão de negócios, contratos com terceiros, fusões e aquisições, entrada em novos mercados e gestão de reputação. Empresas com liderança ciberfluente apresentam menos incidentes, recuperam-se mais rapidamente, inovam com maior velocidade e geram mais confiança nos investidores. A segurança deixa de ser encarada como custo e passa a ser entendida como condicionante de crescimento sustentável.
O Marco Legal da Cibersegurança, proposto pelo PL 4752/2025, é outro ponto central do relatório. Esse arcabouço normativo estabelece fundamentos para um Programa Nacional de Segurança e Resiliência Digital que integrará governo, iniciativa privada, academia e sociedade civil. A nova legislação trata a governança de dados como um ativo estratégico, estimula a adoção de frameworks internacionais como NIST, ISO e CIS, cria oportunidades para certificações nacionais, fomenta parcerias público-privadas e estabelece mecanismos para que organizações de todos os portes possam evoluir sem inviabilizar seus modelos operacionais.
A cultura de segurança é descrita como o fundamento invisível da resiliência organizacional. Empresas que promovem treinamentos contínuos, realizam exercícios de resposta a incidentes e integram suas equipes em práticas colaborativas apresentam resultados superiores, reduzem custos associados a violações e fortalecem a confiança de seus clientes. A construção dessa cultura exige consistência, envolvimento da liderança e uma visão clara de que segurança não é apenas uma responsabilidade técnica, mas uma atitude coletiva.
A crescente ameaça nas cadeias de suprimento digitais é um dos principais riscos identificados pelo relatório. Em um cenário de hiperconectividade, praticamente nenhum processo opera de forma isolada. A análise mostra que muitos dos maiores incidentes recentes tiveram origem em terceiros com menor nível de maturidade. Isso significa que a resiliência de uma empresa não depende apenas de seus próprios controles, mas também da capacidade de monitorar, avaliar e exigir padrões equivalentes em sua cadeia de fornecedores.
A evolução técnica é outro desafio importante. Muitas organizações ainda enfrentam dificuldades básicas, como inventários incompletos, controles de autenticação inadequados, backups não testados e processos de resposta a incidentes incompletos. O monitoramento contínuo é outro desafio, pois a ausência de visibilidade 24 horas por dia permite que invasores permaneçam dentro das redes por longos períodos.
A inovação segura é um vetor de crescimento importante. Empresas que integram segurança ao ciclo de inovação conseguem lançar produtos mais rapidamente, reduzir custos operacionais, evitar prejuízos decorrentes de falhas e conquistar maior confiança do mercado. A própria velocidade de crescimento passa a depender diretamente da qualidade da arquitetura de segurança.
A partir de toda a análise do relatório, emerge uma direção inequívoca para os próximos 36 meses. O país terá de acelerar sua maturidade, fortalecer cadeias de suprimento, profissionalizar a governança, integrar segurança à estratégia de negócios, ampliar a cultura interna, modernizar processos técnicos, adotar frameworks internacionais e preparar-se para o novo marco legal. Isso exigirá colaboração intensa entre governo, empresas e sociedade.


