
Em dezembro de 1830, dom Pedro I partiu rumo à província com a expectativa de ser louvado como em viagens anteriores que culminaram com a Independência do Brasil. “Viagem impopular e melancólica”, escreveu o historiador Pedro Calmon no livro “A História da Civilização Brasileira”.
Entre as razões para a receptividade fria, havia um caso trágico ocorrido poucas semanas antes, o assassinato de Líbero Badaró em São Paulo.
Apesar da precariedade das comunicações em um país de território enorme, mas de população pequena, a notícia da morte do jornalista e médico se espalhou rapidamente.
Além das decisões típicas de um déspota, como a criação de cargos vitalícios, o imperador se desgastava com episódios como o fracasso do Brasil na Guerra da Cisplatina, encerrada em 1828, e a crise econômica de 1829.
O assassinato de Badaró, que se contrapunha em textos veementes ao pendor absolutista do monarca, engrossou o caldo da insatisfação.
Há 190 anos, em 7 de abril de 1831, dom Pedro I abdicou do trono. Cem anos depois, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) instituiu essa data como Dia do Jornalista em homenagem a Badaró e à sua própria fundação enquanto Associação.
À frente do jornal paulistano Observador Constitucional, Badaró era um nome em ascensão entre os críticos do autoritarismo crescente do imperador, o que não significa que sua morte tenha as marcas de dom Pedro I.
Tudo indica, segundo os biógrafos de Badaró, que seu assassinato tenha sido ordenado pelo ouvidor Candido Ladislau Japi-Assu, nome forte da Justiça na província de São Paulo naquele período. No entanto, correram boatos país afora de que o monarca estava ligado ao crime.
A vida de Badaró daria um filme e tanto –e não só por ter sido o primeiro jornalista em atuação no Brasil a ser assassinado em razão do seu ofício.
“Hoje, Dia Nacional do Jornalista, em que se comemora também 112 anos de atividade da ABI, parabenizo os profissionais da imprensa, que desempenham atividade essencial no enfrentamento da pandemia e lutam com coragem pela verdade e liberdade de expressão.” – declarou hoje Paulo Jeronimo – Presidente da ABI.