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EntrevistaEstilo de Vida

Em tempos de pandemia! Como sobrevive um músico de música?

A “Folha de Paraguaçu” faz uma entrevista com o músico paraguaçuense “Johny Garcia” para saber como os músicos “sobrevivem” nesta fase de Pandemia.

    • Folha de Paraguaçu: quando você começou sua vida de músico?

Olá, eu sou o Johny Garcia, sou natural de Paraguaçu Paulista, atualmente sou de São Paulo e sou guitarrista da Banda Maloka Rockstar!

Tudo começou e 1998, eu tinha 13 anos, meu tio Marcelo Machado (Índio Véio), que é músico, me apresentou e ensinou os primeiros acordes no violão. Ensinou-me tocar a música “Ainda é Cedo (Legião Urbana)”, a música tinha apenas três acordes, alguns minutos depois eu “entreguei a tarefa”. Tio Marcelo, incentivador nato, foi me dando direção nesses primeiros passos, também me emprestava seus instrumentos, visto que eu ainda não os tinha. O primeiro violão eu ganhei da minha mãe, em 1998 mesmo.

Fiz aulas com alguns professores na cidade, até quem em 2001, vendo pela televisão o Rock´n Rio, assisti o show do Guns´n Roses. Nessa formação tocava um guitarrista um tanto quanto peculiar, o Mr. Buckthead, depois que vi aquele cara tocando, decidi que guitarra era realmente minha grande paixão! Esse foi o ano que eu adquiri minha primeira guitarra elétrica.

Nesse mesmo ano comecei a estudar no CMT Cursos de Música e Tecnologia em Marília-SP me formando no ano de 2005 com o professor Guto de Boer.

  • Folha de Paraguaçu: Quais foram suas influências musicais?

No início eu era o Legião Urbana maníaco, só ouvia e tocava as musicas deles. Datilografava e cifrava TODAS as músicas. Como fazia aulas de guitarra no CMT, fui conhecendo mais do mundo dos guitarristas, principalmente os de rock. Em pouco tempo me apaixonei pelos guitarristas “fritadores”, virtuosos e que tocavam rápido. Eu era viciado nas bandas de Metal Melódico tais como Angra, Shaman, Sonata Arctica, Rhapsody entre outras. Mas com o tempo a coisa foi se acalmando. Esse “peso” todo foi diminuindo aos poucos. E com o passar do tempo fui ouvindo diversos guitarristas: Hendrix, Robert Johnson, Satriani, literalmente a febre estava baixando. Mas o que mais me influenciaria a mudar drasticamente meu gosto musical seriam as bandas de baile. Eu também já dava aulas e tinha que me adaptar ao gosto dos alunos também. Comecei a gostar de outros instrumentos, viola, ukulelê, e isso abriu ainda mais o leque de gostos e estilos musicais. Hoje em dia eu escuto de tudo, tudo mesmo.

  • Folha de Paraguaçu: E a vida na estrada?

Aos 16 anos eu já comecei a tocar na noite profissionalmente, começava ali minha história nas bandas de baile, bandas show, cada um fala de um jeito! Entrei na Santa Clara Banda Show, que depois se tornaria a Absinto Banda Show, que eram da cidade de Paraguaçu Paulista. Também trabalhei na Banda Realce também de Paraguaçu Paulista, Banda Brilho de Assis-SP. Nessa fase da adolescência tive uma pequena passagem no ramo da luthieria, que viria aflorar no futuro.

Aos 22 anos eu tive a primeira oportunidade de sair do Estado, e fui trabalhar na Sigma Banda Show de Chapecó-SC. Foi a primeira banda em que eu “trampei” que tinha ônibus próprio, eu sempre quis tocar numa banda que tivesse seu próprio ônibus!

Só que além de estar muito longe de casa, o frio me pegou de jeito! Não fiquei muito tempo, cerca de um ano. Foi quando Recebi a proposta de tocar na Banda Jair Supercap Show de Jacarezinho-PR. Uma das maiores bandas de baile do Brasil. A banda Jair Supercap fazia shows pelo brasil todo e festas incríveis como Festa de Peão de Barretos, Ilha Porchat e inúmeros e famosos Baile de Hawai. Fiquei 5 anos e foi uma das melhores experiências profissionais da minha vida! Ao todo, passei 10 anos na estrada tocando com todas as bandas de baile, dos 16 aos 26 anos.

  • Folha de Paraguaçu:  Como foi o projeto Maloka Rockstar?

Sobre a Maloka Rockstar eu costumo dizer que foi o casamento (Risos). Tive a vida de “solteiro” e depois a Maloka Rockstar. Em 2013 eu saí do Jair Supercap e voltei pra minha cidade natal, decidido a dar um tempo na música, embora nesse meio tempo eu fazia umas “gigs” com a Banda Delírio In Concert da cidade de Garça. Era uma forma de ainda estar inserido nos bailes e tirar uma renda extra, mas eu estava decidido a ir tirando o pé. E no final de 2013 eu fui convidado pelo Julio Sampar, pra fazer um show em São Paulo.

Desse show viramos amigos e fundamos a Maloka. Nessa época a gente fazia tributo a Charlie Brown J. Começamos a compor e gravamos nosso primeiro Disco “Rock N Reggae e Diversão”, que possui 12 faixas autorais, sendo uma delas com participação do Marquim, guitarrista dos “Raimundos”.

Desse disco veio o DVD “Maloka Rockstar ao vivo”, gravado em Assis-SP. Curiosamente, em especial, o making of desse DVD seria nossa ponte para ingressar no “Midas Music”, gravadora do renomado produtor Rick Bonadio. Um de seus produtores (Fernando Prado) viu o nosso making Of e entrou em contato. Em 2017 começava nosso trabalho com a gravadora que durou 1 ano. Mudamos para São Paulo e começamos a viver de música na Capital.

No “Midas” gravamos um EP de 4 músicas, sendo carro chefe a faixa “Tô Na noite”, que também tem sua versão de vídeo clipe no YouTube. A partir daí a Maloka cresceu e fizemos vários shows, vários estados, MS, RJ, SC e por várias cidades do estado de São Paulo.

Ainda em 2019 também fizemos um single com o também renomado produtor Dudu Borges (Fábio Júnior, Luan Santana , Gusttavo Lima entre outros). Gravamos a música “Ela Se Foi”,que também tem sua versão em web clipe no YouTube.

Após algumas mudanças de formação, e depois da pandemia, a Maloka acabou dando um tempo, como centenas de milhares de artistas por aí. Em 2020 fizemos 3 shows apenas, Todos respeitando as normas (quase sempre) e nossos planos agora estão voltados para novas gravações de músicas inéditas.

  • Folha de Paraguaçu: E hoje vivendo de música na cidade mais concorrida musicalmente da América latina, São Paulo, em pleno a pandemia?

Pois é, Índio Véio, viver de música na capital não é fácil! Como no Brasil não é fácil, são poucas oportunidades, falta campo. Alguns têm sorte, outros não. Eu me considero um sortudo pois tive oportunidades e não me arrependo de nenhuma a que me agarrei. Hoje dou aulas de música e exerço a Luthieria. A música continua presente 100% na minha vida. São Paulo é bem mais difícil de entrar na noite, ninguém te conhece. É diferente do interior, as casas de show e bares preferem repetir sempre a mesma banda, pelo giro de pessoas ser bastante aleatório. Isso dificulta ainda mais a entrada nas “panelas”.  Ainda assim entramos, fizemos um trabalho legal. Cheguei até fazer algumas apresentações de voz e violão sozinho, mas a pandemia acabou me dando uma travada.

Só que “Sampa” te dá muita “canxa”, você conhece pessoas, que conhecem pessoas, que conhecem pessoas! E a diversidade traz versatilidade. É diferente jogar em casa e jogar fora de casa, onde as dificuldades são maiores! Eu sempre gostei de conhecer e aprender sempre mais com os músicos mais rodados daqui.

Quanto às aulas, antes da pandemia eu dava aula na casa dos alunos, era um diferencial e rodei algumas regiões paulistanas ensinando a molecada. Hoje as aulas são 100% online. Ainda esse ano eu irei lançar um curso online, que será distribuído em algumas plataformas.

E por fim a Luthieria retornou na minha vida após alguns anos, fiz um curso e venho trabalhando também nessa área.

Eu acho que não escolhemos a música, ela acaba nos escolhendo. Por mais que você tente sair dela, ela jamais irá sair de você!

 

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Índio Véio

Graduado em uns cursos e pós-graduado em outros. Santista de berço, curioso por opção, butequeiro pelas amizades e pai da Sophia por Deus!!!

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