Oposição ausente em atos contra Moraes e Lula: aliados criticam falta de apoio e apontam medo do STF

A ausência dos governadores presidenciáveis da oposição nas manifestações de domingo contra ações do ministro Alexandre de Moraes e do presidente Lula chamou a atenção. Aliado de Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia criticou a ausência dos governadores, questionando por que eles não estavam presentes para defender uma alternativa à direita. Em abril, governadores como Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado participaram de um ato ao lado de Bolsonaro em apoio à anistia para os presos do dia 8 de janeiro e defenderam a candidatura do ex-presidente.
No entanto, aliados de Bolsonaro, que foi condenado à inelegibilidade pela Justiça Eleitoral, criticaram a postura dos governadores nesse último domingo, principalmente por não se posicionarem contra decisões do Supremo Tribunal Federal. Para Malafaia, a ausência dos governadores demonstra medo do STF, e ele afirmou que Bolsonaro é insubstituível. Michelle Bolsonaro, cotada como uma possível candidata pelo Partido Liberal (PL), participou das manifestações em Belém, defendendo a recuperação da liberdade e criticando as injustiças praticadas pelo atual governo.
Michelle justificou sua presença em Belém por causa de compromissos pré-agendados. Além de liderar as pesquisas eleitorais como a principal herdeira dos votos do clã Bolsonaro, Michelle também assume o papel de interlocução entre o ex-presidente e o eleitorado, devido às restrições impostas por Moraes, que proíbe Bolsonaro de usar as redes sociais. Eduardo Bolsonaro, outro nome em destaque na família, deixou o mandato de deputado federal e se mudou para os Estados Unidos, onde se aproximou da Casa Branca e intensificou as críticas contra o STF.
Além de São Paulo, outras capitais como Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia também sediaram manifestações contra Moraes e Lula, mas não contarão com a presença dos governadores Ratinho Junior, Zema e Caiado, respectivamente. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e considerado o nome mais viável na oposição a Lula, justificou sua ausência por causa de uma cirurgia já agendada.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, participou da manifestação em São Paulo e foi citado durante o discurso de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Os governadores Claudio Castro, do Rio de Janeiro, e Jorginho Mello, de Santa Catarina, ambos do PL, participaram dos eventos nas capitais do estado e discursaram em defesa de Bolsonaro.
Para o cientista político Elias Tavares, professor da pós-graduação de direito eleitoral da Universidade Damásio, o cenário político mudou significativamente desde abril. Ele afirma que os governadores não querem se associar a Bolsonaro, pois buscam votos de diferentes espectros e se posicionam de forma diplomática para atrair o eleitorado do centro.