Histórico

João Nogueira: Um Legado de Canções Inesquecíveis na Música Popular Brasileira

A música brasileira perdeu um dos seus maiores nomes há 25 anos, quando João Nogueira, um dos sambistas mais importantes do país, partiu da vida. Com uma carreira longa e fulminante, Nogueira deixou um legado de canções inesquecíveis, como “O Poder da Criação” e “Espelho”, que são consideradas clássicos da música popular brasileira.

Nascido no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, em 1941, João Nogueira começou a tocar música ainda jovem, aos 15 anos. Seu pai, um violonista, foi sua primeira inspiração musical. Em uma entrevista ao programa “Água Viva”, da antiga TV Educativa do Rio de Janeiro, em 1977, Nogueira contou como o pai foi sua inspiração para compor a música “Espelho”. “Eu sempre tive muita admiração pelo meu pai. Não só enquanto vivo, e passei assim a continuar a adorá-lo, a amá-lo, como até hoje. Então eu fiz uma música, Espelho, que retrata mais ou menos a minha vivência e fala sempre no meu país. Quer dizer, é o espelho, em quem eu me espelho, sabe?”, disse o sambista.

Nogueira também cresceu cercado de outros grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga e João da Baiana, amigos do pai que frequentavam sua casa. Com essas influências, começou a tocar ainda jovem e, em 1972, gravou seu disco de estreia, que trazia seu nome como título. De lá pra cá, não parou mais.

Em 1979, fundou o Clube do Samba, que reuniu grandes nomes do gênero como Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Martinho da Vila e Paulinho da Viola. Além disso, acumulou 186 composições e 308 gravações, de acordo com o Ecad, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição.

O jornalista Rubem Confete destaca a importância de Nogueira para a nossa música: “A além de violonista, João também gostava de uma boa poesia. A juventude tinha sempre no seu repertório um samba do João Nogueira. Compositor fantástico”. O especialista destaca outra faceta de João Nogueira, o envolvimento com blocos e com a escola de samba Portela.

Sobrinho de João, o cantor, compositor e produtor cultural, Didu Nogueira, também ressalta a contribuição deixada pelo artista para a nossa cultura: “A importância do João para a cultura popular brasileira musical, em especial, é uma contribuição enorme. Ele próprio se definia como um sambista de calçada, que ele não era nem do morro nem do asfalto. Então o samba que o João faz fica mesmo nessa coisa intermediária. Não é o partido alto que se consagra no morro, nem tem uma formação musical muito assim rebuscada tecnicamente, embora a música do João, os sambas do João, sejam bem marcados pela característica do samba”.

Em 2012, João Nogueira recebeu uma grande homenagem da sua terra natal. O Imperator, importante casa de espetáculo da Zona Norte do Rio, que fica próximo do local onde residiu, no Méier, passou a ser chamado Centro Cultural João Nogueira. O sambista nos deixou aos 58 anos, no dia 5 de junho de 2000, vítima de um infarto.

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