Mundo

Islândia em Tenso: Rearmamento e a Defesa de um País Sem Exército

A Islândia, país membro fundador da OTAN que se destaca por não possuir forças armadas, tem se visto em um dilema estratégico. Apesar de depender dos Estados Unidos para sua defesa, com o país nórdico servindo como base e recebendo auxílio militar, a guarda costeira, responsável pelo papel militar do país, tem demonstrado sua limitação, reivindicando uma maior capacidade de resposta.

A atual conjuntura geopolítica, marcada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e suas reverberações no continente europeu, tem impulsionado uma reavaliação da postura defensiva da Islândia. Um cenário de rearmamento em outros países europeus, aliado às pressões dos Estados Unidos, que exigem maior investimento em defesa militar por parte de seus aliados, coloca a Islândia em uma encruzilhada.

Embora a Islândia gaste apenas 0,2% do seu PIB com defesa, a possibilidade de aumentar esse valor para 1,5% ganha força. Essa medida permitiria a construção de infraestrutura para auxiliar navios, submarinos e aviões americanos e europeus, utilizando a Islândia como ponto estratégico em tempos de conflito no Atlântico.

No entanto, essa aproximação militar com os Estados Unidos e a OTAN levanta preocupações. A Islândia, dependente de cabos submarinos para sua conectividade global, se torna vulnerável a ataques, especialmente considerando a crescente ameaça russa.

Ataques a cabos submarinos, que transportam dados, voz e internet, já foram registrados. O relatório do think tank americano CSIS aponta um aumento significativo nos ataques “nas sombras” realizados por Moscou na Europa, incluindo explosões e cortes em cabos submarinos.

A Islândia, com sua guarda costeira ainda em processo de modernização, enfrentaria dificuldades em conter essa tipo de ataque. A falta de investimento em tecnologias como submarinos não tripulados e contra drones coloca o país em uma posição de vulnerabilidade.

Dentro do debate sobre a defesa da Islândia, surge a proposta de criar um exército próprio, inicialmente com 1.000 homens, para proteger aeroportos e portos em situações de emergência.

A posição do governo islandês, porém, se concentra em uma visão abrangente de segurança, que vai além da defesa territorial. O governo reconhece a necessidade de lidar com desafios como proliferação de armas de destruição em massa, terrorismo, criminalidade internacional, mudanças climáticas e outros problemas globais.

A ameaça russa e as pressões americanas, contudo, têm reavivado o debate sobre a adesão da Islândia à União Europeia, vista por alguns como uma forma de garantir maior segurança e proteção. Um referendo sobre a adesão está previsto para o futuro, com pesquisas indicando que a população islandesa tende a aprovar a iniciativa. A possibilidade de formar um exército, por sua vez, permanece um tema controverso, mas a necessidade de fortalecer a defesa do país se torna cada vez mais clara.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo