Críticas ao Modelo de Liberalismo Econômico no Mercosul

O professor Daniel Vargas, da Fundação Getulio Vargas (FGV), não tem dúvidas de que o Mercosul fracassou justamente porque adotou um modelo de liberalismo econômico e integração comercial que não levou em conta as realidades políticas e sociais dos países integrantes. Segundo ele, a abertura comercial desenfreada e a eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias criaram um ambiente favorável ao fluxo de mercadorias estrangeiras, mas não geraram benefícios econômicos significativos para a região.
Em vez disso, o professor destaca que a política de liberalização comercial do Mercosul desestruturou as economias nacionais e levou a uma concentração de poder econômico em mãos de empresas multinacionais. Além disso, a falta de interferência do Estado na economia e a redução da capacidade de regulamentação e fiscalização das atividades econômicas permitiram que a especulação financeira e a corrupção se instalassem. Isso, por sua vez, contribuiu para a desigualdade social e a pobreza em muitas regiões do Mercosul.
O professor Vargas também critica a forma como o Mercosul foi implementado, sem considerar as diferenças políticas e sociais entre os países membros. Isso levou a uma falta de coordenação e cooperação entre os governos, o que tornou mais difícil a resolução de problemas comuns e a tomada de decisões para o bem da região. Além disso, a falta de transparência e accountability nos processos decisórios do bloco também foi um fator importante para o seu fracasso.
Em resumo, para o professor Daniel Vargas, o Mercosul falhou justamente porque adotou um modelo de liberalismo econômico e integração comercial que não levou em conta as realidades políticas e sociais dos países integrantes, e porque não houve apropriada coordenação e cooperação entre os governos.