Moraes ordena que militares troquem fardas por roupas civis em interrogatórios da ‘trama golpista’

Em um ato que gerou polêmica, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que os militares envolvidos no caso conhecido como “trama golpista” trocassem suas fardas por roupas civis durante os interrogatórios do chamado núcleo 3. A decisão foi comunicada pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Tamai Rocha, responsável por conduzir os interrogatórios deste grupo, composto por nove militares e um policial federal. Todos são suspeitos de planejar uma ruptura institucional com o objetivo de impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Explicando o motivo da determinação, o juiz Tamai Rocha afirmou que a acusação é individual e não se dirige ao Exército Brasileiro como instituição. “Essa é uma determinação do ministro-relator (Alexandre de Moraes). A acusação é contra militares e não contra o exercito como um todo”, esclareceu o magistrado.
A ordem gerou imediata reação da defesa dos militares, que considerou a decisão uma ofensa à dignidade dos acusados. Segundo os advogados, a ordem não constava nos autos do processo, não foi dada com prazo razoável para cumprimento e, em outros interrogatórios, os militares foram autorizados a comparecer de farda.
Eles também ressaltaram que os réus permaneciam fardados por serem oficiais da ativa e estarem detidos em unidades militares. “Eles estão na condição de réus, não na condição de testemunhas que usariam farda”, detalhou o juiz auxiliar.
Além dos tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, que precisaram deixar a audiência virtual para se trocar de roupa, outros militares também fazem parte deste núcleo. Entre eles, o general da reserva Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, os coronéis Bernardo Romão Correa Netto, Fabrício Moreira de Bastos e Márcio Nunes de Resende Jr., os tenentes-coronéis Rodrigo Bezerra de Azevedo, Ronald Ferreira de Araújo Jr., Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e o agente da PF Wladimir Matos Soares.