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Pandemia: não sair de casa também pode prejudicar a saúde

Estratégia considerada mais eficiente para evitar a propagação do coronavírus, isolamento social também tem causado problemas

Durante a pandemia de Covid-19, parte da população se refugiou em suas residências, seguindo assim mesmo com a flexibilização das regras. Porém, ao mesmo tempo em que essa medida é apontada como uma das mais eficientes para evitar a propagação da doença, ela também pode ser extremamente prejudicial à saúde.

Segundo Luís Augusto Tavares Russo,  membro da SBEM e diretor-médico do Instituto Brasil de Pesquisa Clínica (IBPCLIN), citado pela BBC News Brasil, “já são meses dentro de casa. O resultado disso é menos exposição à radiação solar, principal fonte de vitamina D, menos atividade física e, muitas vezes, alimentação não tão saudável, uma combinação perigosa para o desenvolvimento ou a piora de uma série de doenças”.

Completados seis meses de medidas de isolamento e distanciamento no Brasil, os problemas começam a aparecer. São eles:

  1. Deficiência de vitamina D: micronutriente essencial para o organismo, auxilia no funcionamento do sistema imunológico, na absorção de cálcio, no controle da função cardíaca, da pressão arterial, dos níveis de glicemia e de gordura corporal. A principal fonte de vitamina D é justamente a exposição ao sol.
  2. Sedentarismo: diversos estudos apontaram redução nos níveis de atividade física durante o isolamento, mesmo nos locais que flexibilizaram ou suspenderam as restrições. Porém, o exercício físico reduz a possibilidade de desenvolver inúmeras doenças, e até mesmo ajuda no tratamento de algumas delas, como diabetes e hipertensão arterial, osteoporose e cardiopatias. Além disso, a movimentação é importante para a liberação de neurotransmissores e hormônios responsáveis pelo bem estar e pela redução do estresse.
  3. Dores constantes: com o maior tempo passado em casa, os afazeres domésticos aumentam, assim como o trabalho (remoto) e o estudo. Soma-se a isso a perda de massa muscular causada pelo sedentarismo, a falta de ergonomia e a realização de movimentos repetitivos, e chega-se ao resultado de dores e até mesmo lesões em algumas partes do corpo.
  4. Olho seco: o excesso de tempo passado em casa tem aumentado o uso de aparelhos eletrônicos, como tablets, computadores e celulares, seja para o trabalho, seja para distração. Ao longo do dia, isso resulta em dores e desconforto visual, com sintomas como vermelhidão, ardor, vista embaçada e dificuldade em focar a vista.
  5. Transtornos mentais: pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou que 47,9% dos psiquiatras entrevistados relataram aumento em seus atendimentos desde o início da pandemia. O estudo registrou alta no número de novos casos, ou seja, pessoas que nunca tinham passado por atendimento com essa especialidade médica e também no número de reincidentes (pacientes que já haviam tido alta médica, mas tiveram recidiva dos sintomas).
  6. Aceleração da demência: o isolamento forçado pelo novo coronavírus fez soar um alerta ainda mais alto em relação à saúde dos idosos, e não apenas do ponto de vista físico e emocional, mas também neurológico. Isso porque a falta de interação social pode acelerar os processos de demência. Uma forma de prevenção é se manter intelectualmente ativo, ou seja, aprender coisas novas sempre, fazer palavras-cruzadas, ler e conversar com amigos e parentes, mesmo que por telefone ou vídeochamada.
  7. Atraso no desenvolvimento de bebês: até os dois ou três primeiros meses de vida, período em que os bebês ainda não receberam todas as vacinas necessárias, a recomendação é que os pais evitem sair com eles de casa. Depois disso, no entanto, os pequenos precisam ter contato com o mundo lá fora, pois dependem de estímulos sociais e físicos, movimento e luz solar, entre tantos outros fatores, para se desenvolverem.
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