O Rio de Janeiro é um estado que concentra 2,5 milhões de toneladas de resíduos com potencial de reciclagem. Esses materiais, compostos por metais, vidros e plásticos, somam um valor de aproximadamente R$ 2,6 bilhões, perdidos às sete palmos do chão.
Um estudo recentemente publicado pela Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, revela os impactos ambientais da não reciclagem de papel e papelão no estado. Além disso, o estudo destaca a importância da reciclagem na redução da emissão de gases do efeito estufa, um processo que contribui significativamente para as mudanças climáticas.
Segundo especialista em sustentabilidade da Firjan, Renata Rocha, a reciclagem pode reduzir a emissão desses gases de várias maneiras. “Primeiramente, o gasto evitado de energia é um ponto importante. Quando você troca insumos virgens por materiais reciclados no processo de fabricação de novos produtos, você evita a emissão de gases do efeito estufa. Além disso, a reciclagem também evita a emissão desses gases no processo de degradação natural dos resíduos”, explica.
No processo de degradação natural, bactérias se alimentam dos materiais e liberam gases ao meio ambiente. Nos aterros sanitários, em que os resíduos estão soterrados, não há oxigênio, o que transforma a forma de liberação desses gases. “Com isso, elas eliminam outro gás, o metano, que é um pouco mais problemático porque tem um potencial de alteração no clima 28 vezes mais forte que o CO2. É por isso que os aterros sanitários têm tecnologias para capturar esse metano e queimar, para transformá-lo em CO2, gerando menos impacto no clima e ainda possibilitando a geração de créditos de carbono”, esclarece Renata Rocha.
De acordo com a Firjan, se os materiais fossem reciclados em 2023, seria possível evitar a emissão de cerca de 3 milhões de toneladas de carbono. Para efeito de comparação, seria preciso plantar 21 milhões de árvores em um espaço equivalente à 12 mil campos de futebol para compensar a quantidade de emissões que deixariam de acontecer.
A reciclagem ainda é desestimulada no Brasil, e Renata Rocha destaca a necessidade de políticas para estimular estas práticas. “Um ponto importante seria a busca de estímulos, como políticas de pagamento por serviços ambientais. Além disso, uma revisão das políticas tributárias também seria benéfica, pois os materiais reciclados acabam sendo bitributados. Com isso, os materiais reciclados poderiam ter um preço mais competitivo”, sugere.
Além disso, o estudo sugere a criação de uma rede que auxilie a logística de transporte dos resíduos nos centros urbanos. A ideia é carregar menos em uma distância mais curta, reduzindo a emissão de gases por queima de combustível.



