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Direitos Humanos

Ritual contra Covid é denunciado por exploração infantil

Na zona rural de Bragança, cidade do interior de Belém do Pará, 9 pessoas foram indiciadas por maus tratos à menores, devido a rituais espirituais, os quais acreditavam que acabaria com a pandemia do Covid-19 no mundo.

Após uma menina de 8 anos, que se considerava escolhida por Deus, receber instruções, de construir uma arca como a de Noé e rezar para Nossa Senhora, a família não mediu esforços para seguir todos os passos da maneira como podiam.

Fizeram um círculo no chão, no lugar da arca e se organizavam para que as rezas, que deveriam acontecer 24 horas por dia fossem cumpridas, inclusive as crianças eram forçadas a fazer jejuns e passar madrugadas inteiras em vigília. Um menino com necessidades especiais se negou a participar do ritual e teve os braços amarrados com cordas frouxas para que não fosse marcado, e um bebê chorava desesperadamente de fome, ao mesmo tempo uma menina imitava Jesus, se colocando de braços abertos em frente de uma cruz.

A menina de 8 anos, alegou receber essas orientações espirituais da própria Nossa Senhora em janeiro, e em seguida, uma menina de 9 anos também começou a receber aparições com instruções e mensagens de Deus, segundo a mensagem a família havia sido escolhida por Deus para livrar o mundo deste mal, e como recompensa o menino com necessidades especiais seria curado.

Por volta de 12 de abril a família começou a divulgar as aparições e que através do ritual haveria milagres.

Em reconstituição feita em investigação policial, em conjunto com Ministério Público, Justiça, Conselheiros tutelares e foi constatado que conforme o ritual avançava a família entrava em transe, as crianças eram autorizadas a fazer no máximo duas refeições por dia , enquanto os adultos jejuavam e as orações jamais poderiam parar, as vigílias seguiam com a presença de todos das 19 h as 5 da manhã.

Na manhã de 14 de abril, a menina de 8 anos usou uma bata batismal branca com fitas vermelhas, e se a colocou na frente da cruz simulando o sacrifício de Cristo, a família usava capas e uma tia interpretava Nossa Senhora m meio a muitas rezas, o bebê chorava de fome.

Os vizinhos cercavam o local, indignados, felizmente a policia chegou antes que a revolta se tornasse violenta.

Com muita resistência os conselheiros tutelares juntamente com a equipe, inclusive vizinhos, retiraram aos poucos as crianças de dentro do círculo (arca). A família adentrou a casa com uma das crianças e se escondiam nos cômodos, embaixo de panos brancos e cruzes.  Após autorização de acesso à casa a criança foi resgatada.

Os exames de corpo de delito realizados nas crianças não acusaram ferimentos, e todas foram levadas para um abrigo da cidade e incluídas na rede de proteção da Justiça.

No dia 15, a casa foi invadida pelos vizinhos ainda muito revoltados, agrediram os familiares das crianças, que não prestaram queixas.

Houve um total de 27 depoimentos, entre crianças, adultos, vizinhos, conselheiros tutelares, e análise de gravações de celular. Os boatos na internet era que havia livros de ocultismo e feitiçaria na casa e o ritual terminaria com o sacrifício das crianças, que a liberdade religiosa ultrapassou o direito das crianças, que não deveriam em nenhuma hipótese serem restringidas à alimentação e precisam ser criadas em ambiente sadio.

Os nove adultos que participavam do ritual foram indiciados por maus tratos e o caso corre em sigilo porque há crianças envolvidas.

 

Fonte: TAB Uol

 

 

 

 

 

 

 

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