Senadores Opositores Liberam Mesa Diretora Após Negociação

Em meio à ocupação da Mesa Diretora do Senado por parlamentares opositores, um clima de tensão permeava a Casa. A situação, motivada pela prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, levou parte da base governista a considerar a possibilidade de uma intervenção física para dispersar os manifestantes.
Segundo apurou a revista Veja, o senador Cid Gomes (PDT-CE) chegou a sugerir reunir “dez senadores homens” para “acabar com isso”, em uma fala que ecoou como uma ameaça direta aos oposicionistas presentes no plenário. A atuação de Cid ocorreu enquanto o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), buscava alternativas para resolver o impasse. A acionamento da força policial era visto como um risco, pois poderia gerar acusações de truculência contra a Presidência do Senado.
Por outro lado, a participação direta dos senadores, embora carregasse o potencial de repercussões políticas e desgaste, parecia uma opção menos arriscada. A proposta de Cid, porém, não foi adiante. Alcolumbre optou por negociar a saída pacífica dos manifestantes, uma estratégia que, apesar de evitar o confronto físico, não conseguiu conter a irritação dos governistas. Integrantes da base consideraram a ocupação como um ato “ultrajante” para a imagem institucional do Senado e defenderam medidas mais duras para evitar a repetição de eventos semelhantes.
Após quase dois dias de ocupação, senadores opositores chegaram a um acordo para liberar a Mesa Diretora do Senado. O acordo foi possível após uma sinalização de que os projetos pedidos como condição para a liberação poderiam ser apreciados posteriormente.
“Estamos nos retirando da mesa do Senado para que os trabalhos possam fluir normalmente, estamos desobstruindo e colocando a nossa posição de participar do debate. […] E esperamos, de fato, discutirmos e trabalharmos as pautas que interessam a todos, independente da questão ideológica e da preferência de quem quer que seja”, afirmou o senador Rogério Marinho (PL-RN) na quinta-feira (7).