Uma mensagem clara foi transmitida a uma comitiva de senadores brasileiros em visita aos Estados Unidos: reconstruir pontes políticas com o centro da decisão em Washington, ou seja, a Casa Branca, sob a liderança de Donald Trump, e, acima de tudo, aprimorar a comunicação de forma eficiente e estratégica. A orientação vêm de Stephen Vaughn, ex-advogado-geral do USTR (Representante Comercial dos Estados Unidos), uma agência governamental de grande influência que negocia acordos internacionais, impõe tarifas em nome dos Estados Unidos e conduz investigações contra práticas comerciais consideradas injustas.
A missão dos senadores é delicada: negociar uma saída da ameaça de tarifas de 50% que Trump pretende impor ao Brasil a partir de 1º de agosto. Vaughn alertou que a situação pode se agravar, indicando que o Executivo americano poderia, mesmo após uma possível derrota judicial, reinstalar as tarifas através de outras ferramentas legais disponíveis.
Os senadores brasileiros receberam conselhos de diversos especialistas americanos, incluindo Ryan Majerus, ex-diretor do Departamento de Comércio; Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group; Clayton Allen, diretor da consultoria para os Estados Unidos; e Clifford Young, presidente da Ipsos Public Affairs.
Do lado brasileiro, conversaram com os senadores Paulo Corrêa, diretor-executivo do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Maurício Moreira, ex-economista-chefe do BID; e Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Azevêdo enfatizou a importância de um diálogo claro e objetivo para evitar mal-entendidos e alcançar um acordo negociado, lembrando que muitas crises comerciais se originam dessa falta de comunicação.
Para a comitiva brasileira, a prioridade é pressionar pela postergação da medida enquanto se buscam alternativas técnicas e diplomáticas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou que também foi solicitado à Câmara de Comércio que negocie uma conversa entre os presidentes dos EUA e do Brasil, algo que, até o momento, não foi possível, com o objetivo de retomar o diálogo político de alto nível entre os países.
Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e líder da missão aos EUA, afirmou que “nossa missão é preservar os empregos, o comércio e o entendimento entre Brasil e Estados Unidos. Isso exige firmeza, mas também maturidade institucional”. A comitiva, composta por oito senadores, deve retornar ao Brasil nesta quarta-feira (31).
A equipe também pretende se reunir nesta terça-feira (29) com parlamentares republicanos, buscando manter um diálogo franco e aberto com os diferentes setores do Congresso americano.
