Trump Impõe Tarifas de 50% em Produtos Brasileiros

O presidente americano Donald Trump anunciou que as tarifas impostas a parceiros comerciais, incluindo o Brasil, entrarão em vigor em 1º de agosto, como inicialmente previsto. Essa medida afeta o Brasil com uma alíquota de 50%, conforme declarado por Trump durante uma coletiva de imprensa ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia.
O presidente americano ressaltou que a única exceção é a tarifa de 25% sobre aço e alumínio, já em vigor. Trump também anunciou um acordo comercial com a União Europeia, reduzindo as tarifas impostas ao bloco de 30% para 15%, um acordo considerado historicamente significativo.
Nos últimos dias, apenas cinco países conseguiram negociar a tarifa com os EUA: Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão. Essa decisão foi antecipada pelo secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, que afirmou que as tarifas entrariam em vigor em 1º de agosto sem prorrogações.
Trump anunciou o tarifaço contra o Brasil em 9 de julho, alegando um déficit comercial com o país. Em resposta, o presidente Lula, afirmou que estatísticas oficiais dos EUA comprovam um superávit brasileiro no comércio de bens e serviços na ordem de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. O presidente brasileiro prometeu responder ao tarifaço à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
Além dos motivos comerciais, Trump também mencionou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado como fator na decisão. Desde abril, o Brasil vinha sendo taxado em 10%.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, coordena o grupo de trabalho do governo federal que busca reduzir a taxação, mas enfrenta resistência. Alckmin relatou ter conversado por 50 minutos com Lutnick no último sábado (19).
No entanto, a Casa Branca afirmou não ter percebido envolvimento relevante ou ofertas significativas do Brasil na negociação de um acordo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou contato com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, mas recebeu a informação de que o processo está na Casa Branca.
Lula, por sua vez, afirmou que Alckmin tenta diariamente, sem sucesso, negociar com os Estados Unidos. “Todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, declarou o presidente.
O Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica (Nemea) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estima que o tarifaço pode causar uma redução de 0,16 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o equivalente a R$ 19,2 bilhões. Para este ano, o mercado financeiro estima uma alta de 2,23%, segundo levantamento do Banco Central (BC). A UFMG projeta que a maior perda de empregos ocorrerá na agropecuária, com o encerramento de cerca de 40 mil empregos.
Haddad afirmou que o governo tem planos de contingência para atender os setores mais afetados. “Em uma situação como essa, a Fazenda se prepara para todos os cenários. Temos plano de contingência para qualquer decisão que venha ser tomada pelo presidente da República”, afirmou em entrevista à rádio CBN.
O embate político marca a negociação do tarifaço de Trump e a decisão americana foi acompanhada de críticas de Lula, que classificou a medida como “chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras”. O presidente brasileiro afirmou que Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado no Brasil e que está sendo julgado com todo o direito de defesa. Lula se colocou à disposição para negociar diretamente com Trump e explicou a situação do ex-presidente.
Outro ponto de atrito com o governo americano são as decisões do ministro Alexandre de Moraes contra big techs e o fato de ser o relator dos inquéritos contra Bolsonaro no STF.
O senador Flávio Bolsonaro afirmou que, caso seu pai concorra à presidência da República em 2026, as sanções americanas contra o Brasil cessarão “no mesmo dia”.