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Trump acirra tensão com Rússia em meio a impasse na Ucrânia

Em 29 de julho, uma declaração do presidente americano, Donald Trump, elevou as tensões entre os Estados Unidos e a Rússia. Trump afirmou que o ultimato de dez dias dado ao presidente russo, Vladimir Putin, para alcançar um acordo de cessar-fogo na Ucrânia começava naquela data, com o prazo expirando na sexta-feira, 8 de agosto.

Essa redução do prazo original de 50 dias, anunciado por Trump em 14 de julho, incluía a ameaça de tarifas de 100% sobre produtos importados da Rússia e sanções semelhantes a países que continuassem a comprar de Moscou caso não houvesse um acordo para encerrar o conflito na Ucrânia.

A escalada de retórica veio na sequência de declarações provocativas de Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país entre 2008 e 2012.

Em 31 de julho, Medvedev ironizou as ameaças americanas em uma publicação no Telegram, referindo-se aos riscos de uma possível guerra nuclear e mencionando a capacidade russa de lançar um contra-ataque nuclear automático, a “Mão Morta”.

Trump respondeu na mesma moeda, publicando em sua rede social Truth Social que ordenara o posicionamento de dois submarinos nucleares em áreas estratégicas como resposta às declarações de Medvedev, expressando a esperança que as palavras do ex-presidente russo não pudessem se traduzir em ações.

No dia seguinte, Trump reiterou sua postura em entrevista à emissora Newsmax, afirmando que os submarinos estavam se aproximando da Rússia como medida de precaução e que desejava garantir que as declarações de Medvedev não passassem de palavras vazias.

No mesmo dia, Putin anunciou o início da produção em massa de novos mísseis hipersônicos Oreshnik, capazes de transportar ogivas convencionais ou nucleares.

O mundo acompanha com atenção as ameaças entre os dois países com o maior arsenal nuclear do planeta, segundo dados da organização não governamental Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN): a Rússia possui 5.449 ogivas nucleares e os Estados Unidos, 5.277.

Apesar disso, analistas demonstram certa descrença em relação às ameaças russas, considerando que o Kremlin já havia feito declarações semelhantes sobre o uso de armas nucleares desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, sem concretizar tais ameaças.

Anatol Lieven, diretor do Programa Eurásia do think tank americano Instituto Quincy para a Política Responsável, considera as declarações de Medvedev e Trump como mera encenação, argumentando que a Rússia não lançará armas nucleares em resposta a novas sanções americanas, já que superou com sucesso rodadas anteriores, e que a postura americana é uma ameaça “completamente vazia”, já que os Estados Unidos já possuem submarinos nucleares em posição permanente para atacar a Rússia.

Lieven conclui que Medvedev e Trump estão apenas tentando parecer fortes perante o público interno, e que o resto do mundo não precisa se iludir com esse teatro.

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