Vaza Toga 2: Gabinete Paralelo e Ideologia na Justiça de Moraes

A análise da “Vaza Toga 2” dominou o programa Última Análise da quinta-feira (7). A reportagem do *Estado do Povo*, que expôs o funcionamento do gabinete paralelo do ministro Alexandre de Moraes, composto por servidores do STF e TSE, foi o foco central do debate. Segundo a investigação, esse sistema realizava um julgamento prévio dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, considerando suas ideologias e preferências políticas, antes mesmo da audiência de custódia. A pressão sobre Moraes aumenta, impulsionando a discussão sobre seu impeachment.
A “Vaza Toga 2” se diferencia do primeiro caso, “Vaza Toga”, que revelou as interferências do ministro no TSE, ao mostrar como a equipe de Moraes utilizava redes sociais dos investigados para manter prisões com base em publicações muitas vezes anteriores à eleição de Lula em 2022. O jurista André Marsiglia destaca a gravidade da situação: “É mais grave, porque não é apenas o gabinete do ministro Moraes indo além da conta. É um gabinete paralelo dentro do gabinete de Moraes. É um departamento ideológico”.
As postagens antigas nas redes sociais serviam como um filtro ideológico para sustentar as denúncias. Conteúdos críticos ao STF ou ao governo Lula eram usados para embasar a prisão de réus, muitas vezes com base em simples certidões. Marsiglia afirma que essa prática vai além da injustiça: “É uma desumanização”. Em um exemplo revelador, a chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kuzahara, afirmou em uma mensagem vazada no WhatsApp que a PGR havia pedido a liberdade provisória de detidos, mas que o ministro só agia após verificar o conteúdo de suas redes sociais.
A oposição, apesar de afirmar ter votos suficientes para o impeachment de Moraes, enfrenta obstáculos. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se mostrou contrário em liberar a pauta, mesmo com 81 assinaturas. O deputado Nikolas Ferreira criticou Alcolumbre, sugerindo que o próprio presidente poderia ser alvo de um processo similar se não liberasse a pauta. A cientista política Júlia Lucy critica a oposição pela falta de articulação, destacando que a maioria dos deputados busca apenas exposição nas redes sociais e não se dedica à articulação política. Ela aponta que a oposição não conseguiu divulgar de forma eficaz os detalhes da “Vaza Toga 2”, o que pode prejudicar a pauta do impeachment.