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HistóricoOpinião

23 de maio de 1932 – Um dia Histórico para São Paulo e o Brasil!

Data histórica que hoje é desconhecida de grande parte dos paulistas e brasileiros.

Há exatos 90 anos, um comício pacífico na Praça do Patriarca, na cidade de São Paulo, terminaria de forma trágica, mas que fez com que milhares de pessoas acordassem para uma causa, a causa de todas as causas, a liberdade de uma nação que foi aviltada por um ditador que nutria um ódio por São Paulo e por tudo o que o Estado representava, seu nome: Getúlio Vargas.

Tomando o poder através de um golpe onde foi deposto o Presidente da República democraticamente eleito, o paulista Sr Júlio Prestes, e em total desrespeito à Constituição vigente a época, impondo condições que impediam São Paulo de exercer sua liderança natural devido a ser o Estado mais desenvolvido da nação.

Naquele fatídico 23 de maio milhares de pessoas participaram de um comício onde pediam a volta da liberdade, eleições livres e a outorga de uma nova Constituição, pediam liberdade!
Manifestação na Praça da Sé, em maio de 1932.
Manifestação na Praça da Sé, em maio de 1932.
Ao final do comício a multidão foi protestar na sede do Partido Popular Paulista, que apoiava o governo ditatorial, quando teve início um tiroteio tornando-se uma manifestação extremamente violenta, e é neste cenário onde perderam suas vidas Mário Martins de Almeida, Euclydes Bueno Miragaia, Drausio Marcondes de Souza e Antônio Américo de Camargo Andrade, mortos por tropas federais ligadas ao Partido Popular Paulista (PPP), um grupo político-militar sustentáculo do regime de Getúlio Vargas.
Tal foi a repercussão do ocorrido e o sentimento de revolta por tal ação, que foi criado uma sociedade que visava a luta contra a ditadura, de maneira clandestina pois qualquer ato que ensejasse a discordância do governo ditatorial demandava uma cruel repressão, e usando do acrônimo MMDC (as letras iniciais de Martins, Miragaia, Drausio e Camargo), externando assim seu sentimento de luta pelos valores pátrios, legais e do Estado de São Paulo.
Primeira página do jornal paulistano A Gazeta de 24 de maio de 1932
Primeira página do jornal paulistano A Gazeta de 24 de maio de 1932
Enquanto a indignação e a revolta se espalhavam por São Paulo, Getúlio Vargas tentava evitar que o movimento tomasse grandes proporções, atendendo à parte das solicitações paulistas com o anúncio de um Código Eleitoral e da instalação do Tribunal Superior Eleitoral no Rio de Janeiro, então capital brasileira. Além disso, para se proteger, Vargas buscava manter os outros estados do país aliados ao Governo Federal. Simultaneamente, São Paulo acreditava poder contar com o apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.
Por meio do MMDC, o movimento paulista conspirou contra Getúlio Vargas. Na noite da sexta-feira, 8 de julho, com os ânimos exaltadíssimos, populares manifestaram-se pela revolução, com a adesão das tropas federais da 2ª Região Militar e da Força Pública.

Na tarde do dia seguinte, 9 de julho, assumiu interinamente o comando das tropas o coronel Euclydes Figueiredo, que recebeu ordens do general Isidoro Dias Lopes, líder da revolta de 1924. Em poucas horas, o controle pelos revolucionários paulistas era total. O MMDC ocupou a faculdade de Direito do Largo de São Francisco. De lá saiu o primeiro contingente de civis armados, que lutaram ao lado das tropas regulares do Exército e da milícia paulista.

Na tarde de 10 de julho, em frente ao Palácio dos Despachos, situado no Pátio de Colégio, o povo paulista e as tropas proclamaram o interventor Pedro de Toledo governador do Estado. Através do Decreto 5.627-A/1932, foi oficializado o MMDC como entidade, sendo presidida pelo secretário da Justiça do Estado, o jurista Waldemar Ferreira.

Depois de quase de três meses de luta, sem os reforços e adesões que haviam sido prometidos por outros estados da Federação, e sem condições materiais para continuar, completamente só e sitiado, São Paulo se rendeu em 2 de outubro de 1932. Os líderes do movimento foram presos, punidos com a cassação de seus direitos políticos e, em alguns casos, chegaram a ser exilados do Brasil. Mais de 930 vidas foram perdidas durante o combate.

Telegrama relatando o fim das hostilidades.
Telegrama relatando o fim das hostilidades.

A luta dos paulistas não foi em vão. Apesar da derrota militar, os constitucionalistas ganharam politicamente. Após o fim da Revolução, as reivindicações do movimento foram atendidas pelo Governo Federal. Em 1933, São Paulo ganhou um interventor paulista e civil, o engenheiro e político Armando Sales. No ano seguinte, Getúlio Vargas foi eleito presidente por meio de eleições indiretas e uma nova Constituição foi promulgada, permanecendo em vigor até 1937, quando foi iniciado o período de Estado Novo.

Hoje, nesta data, pelo Decreto Estadual nº 40.345, de 6 de Julho de 1962, foi instituído o Dia do Soldado Constitucionalista no calendário oficial de ensino do Estado de São Paulo e a Lei nº 1.547, de 05 de janeiro de 1978, institui para o dia 23 de maio o Dia da Juventude Constitucionalista e para o dia 9 de Julho o Dia do Soldado Constitucionalista.
Os restos mortais dos grandes mártires da Revolução Constitucionalista de 1932 descansam hoje no Monumento Mausoléu no obelisco do Parque do Ibirapuera. Os cinco heróis de 1932 foram homenageados com nomes de ruas no bairro do Butantã, na capital, e pela Lei 13.840/2009 que instituiu o Dia de Orlando Alvarenga e dos Heróis Anônimos da Revolução Constitucionalista de 1932, em justa homenagem a Orlando de Oliveira Alvarenga.
Obelisco de São Paulo, no Parque Ibirapuera
Obelisco de São Paulo, no Parque Ibirapuera
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Samuel Nascimento

Natural de Paraguaçu Paulista, terra de Erasmo Dias, Liana Duval e Nho Pai. Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e cursando Engenharia da Computação; Empreendedor na área de Marketing Digital; Ciclista; Músico Violinista; Organizador do Festival de Música de Paraguaçu Paulista e Spalla da Orquestra Jovem de Paraguaçu Paulista.

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