No final da última semana, uma onda de manifestações percorreu várias partes do Brasil, protestando contra a maior operação policial realizada no estado, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação, que ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão, deixou uma triste marca: 121 vidas foram perdidas, incluindo quatro policiais. A reação da sociedade foi imediata e veementemente crítica, com instituições e pesquisadores questionando a letalidade da operação. Além disso, a mobilização também expressou solidariedade às vítimas e reivindicou uma investigação transparente e independente sobre as mortes, bem como a responsabilização dos envolvidos.
Na região do Rio de Janeiro, a manifestação foi protagonizada pelo Instituto Papo Reto, Raízes em Movimento e Voz das Comunidades. Muitos moradores da comunidade se juntaram à causa, trazendo suas experiências pessoais e desespero diante da ação policial. Liliane dos Santos, uma moradora da área, descreveu o impacto emocional do dia da operação: “Foi um dia desesperador, como se o tiro estivesse sendo dentro de casa”. Raimunda de Jesus, dirigente sindical, também participou do ato e criticou a forma como os moradores foram tratados, destacando a disparidade de tratamento em relação às áreas mais ricas da cidade: “Não é da mesma forma. Aqui, nós que moramos na periferia, somos discriminados. O Estado não pode nos ver como inimigos”.
Tainã de Medeiros, do Instituto Papo Reto, enfatizou que essa não foi a primeira vez que a comunidade foi afetada por operações policiais. Além da chacina do PAN e da ocupação militar em 2010, os moradores da área recentemente sofreram outra chacina, com 21 vítimas fatais. A narrativa de que as operações policiais são necessárias para combater a criminalidade não faz sentido para a comunidade, segundo Tainã. A manifestação também teve como objetivo fortalecer a mobilização comunitária e garantir os direitos das comunidades.


