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Mães de crianças pequenas são demitidas durante a pandemia

A economia brasileira sofreu com a pandemia, mas um nicho especial vem sofrendo as consequências mais que todos os outros: as mães de crianças pequenas. Elas são, sem dúvida, o grupo mais afetado, sendo colocadas em situações-limite nas empresas, ou simplesmente não conseguindo conciliar o trabalho remoto e o cuidado com os filhos (que sempre será priorizado).

No segundo trimestre de 2020, o desemprego atingiu um índice de 12% entre homens e 14,9% entre mulheres, de acordo com o IBGE. A pesquisa realizada pelo instituto mostrou que, na última quinzena de março, 7 milhões de mulheres haviam deixado o mercado de trabalho, contra 5 milhões de homens.

Por que isto acontece? Em grande parte, o fato de mais mulheres do que homens serem afetadas pelo desemprego vem de diferenças ligadas ao trabalho não remunerado em casa, no cuidado com os filhos, e também ao fato de que, ao engravidar, a mulher muitas vezes interrompe os estudos e o trabalho. Quando o filho nasce, a mulher retorna aos poucos ao trabalho, mas acaba por cair na informalidade por causa da ênfase nos cuidados com a casa e a família.

Segundo Nádia Silva, advogada entrevistada pela BBC News Brasil, que perdeu o emprego com o início da pandemia por não conseguir conciliá-lo com os cuidados com o filho pequeno, “as pessoas não veem o papel social da mãe”. Ela prossegue:  “A empresa poderia ter negociado comigo. Seria o papel social dela. A gente acha importante não maltratar animal e reciclar lixo, mas não acha importante ajudar uma mãe a criar um filho?”

Ao mesmo tempo, como trazer de volta mais mulheres para o mercado? Marcos Hecksher, pesquisador do Ipea, defende que essa questão seja incluída no debate em torno de quanto imposto os empregadores devem pagar ao contratar funcionários em regime CLT.

Vigora, até o fim deste ano, a desoneração da folha em 17 setores da economia, e a prorrogação desse benefício é motivo de disputa entre o governo federal e o Congresso.

Hecksher é parte de um grupo de estudiosos que propõe que essa desoneração seja estendida para outros setores (no caso de novas contratações, e não de contratos já vigentes), mas aplicada apenas para jornadas de trabalho mais curtas. “O objetivo é tornar mais barato que um empregador contrate duas pessoas por 20 horas semanais do que um funcionário por 40 horas semanais”, diz ele.

“Com isso, conectamos mais gente ao mercado de trabalho formal. Isso tende a beneficiar mais as mulheres, que com mais frequência do que os homens (aderem) a jornadas parciais. Com isso, também daríamos um benefício às empresas por chamar alguém que está sem trabalho, em vez de concentrar mais trabalho em menos gente”.

Fonte: BBC News Brasil

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